José Miranda, reclamou domingo medidas de apoio e protecção aos produtores de queijo Serra da Estrela que, em Fornos de Algodres, produzem anualmente 120 toneladas de queijo e 36 de requeijão. Segundo dados da autarquia, existem actualmente 150 produtores em actividade e 75 queijarias licenciadas, número que é fruto do «empenho da autarquia em proporcionar as melhores condições para uma produção de queijo de qualidade», disse o autarca durante a tradicional festa do queijo, lembrando que há dez anos atrás não havia nenhuma licenciada.
José Miranda considerou mesmo que este produto tradicional é «um factor de dinamização económica com grandes implicações também no sector social, cultural e turístico» do concelho e evidenciou a preocupação do município na criação de condições de higiene para a transacção e venda do queijo Serra da Estrela, referindo como exemplo a requalificação da área envolvente do mercado municipal. Trata-se de um investimento de cerca de um milhão de euros, comparticipados em 75 por centro por fundos comunitários através do Programa Operacional do Centro e 15 por centro do programa Polis. De resto, à margem do certame, foram assinados quatro protocolos com o Ministério da Agricultura para a beneficiação de caminhos rurais e agrícolas e electrificações agro-rurais. Presente na cerimónia, o secretário de Estado da Agricultura, David Geraldes, aproveitou a oportunidade para anunciar a criação de uma linha de crédito para alimentação dos animais por causa da seca, com o prazo de um ano e uma taxa de juro «simbólica, no valor de 100 milhões de euros, baseada no efectivo pecuário existente no país». O governante aludiu ainda a outra linha de crédito de 50 milhões de euros, por um período de seis anos, com um ano de carência e taxa de juro «altamente bonificada» destinada ao sector dos recursos hídricos, designadamente de abertura de furos, construção de charcas, aquisição de cisternas e equipamentos para retenção de águas e obras infraestruturais adjacentes.
David Geraldes revelou que estas medidas foram remetidas na última sexta-feira ao ministro da Agricultura, que as autorizou na terça-feira, estando também prevista para esta semana uma reunião em Bruxelas para que a Comissão Europeia autorize aqueles meios financeiros. «A partir daí, eles ficarão disponíveis para os agricultores, através de protocolo estabelecido entre o IFADAP (Instituto Financeiro de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas), o INGA (Instituto Nacional de Garantia Agrícola) e a banca», garantiu. O governante rejeitou que estas medidas sejam de «carácter eleitoralista, até porque, independentemente de quem ganhar as eleições de domingo, elas são para não prejudicar os agricultores e evitar demoras, pois os agricultores começam a estar já numa situação aflitiva na área da pecuária». O secretário de Estado revelou também que serão tomadas medidas adicionais se o cenário de seca se complicar: «Embora a situação ainda não seja dramática na área das culturas, se continuar no prazo de 15 a 20 dias, em que já podem ser afectadas, é obrigação do Governo, apesar de estar em gestão, ter as medidas preparadas para que, quando o novo Executivo surgir, seja ele qual for, lhe dar continuidade e não perder tempo», sublinhou.
Luis Martins