A afirmação é clara, e demonstra aquilo que é a vontade da Ministra da Coesão Territorial: os descontos no valor das portagens anunciados esta semana não são o cenário ideal mas foram o cenário possível.
Esta foi a mensagem deixada esta manhã por Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, durante a abertura da Feira do Queijo, em Celorico da Beira. Enquanto discursava – e após destacar novamente a importância de uma política feita «no terreno» para o desenvolvimento da região – a responsável não se coibiu e falou do “elefante na sala”: «Acreditam que esta a medida que eu queria anunciar?» – perguntou de forma retórica – «Quem me conhece sabe bem que, se dependesse de mim, não haveria portagens», disse Ana Abrunhosa.
A ministra falou depois aos jornalistas à margem do evento, onde frisou que a atual redução nas portagens «se as pessoas utilizarem todos os dias, é de 25% [no total ]» . «É uma redução de quantidades, que privilegia o uso», diz a governante, que assume que a sua ambição é «reduzir gradualmente o custo das portagens» ao longo da legislatura.
Recorde-se que esta quarta-feira foi anunciado que as auto-estradas A23, A25, A22, A24, A28 A4, A13 e A13-1 verão o preço reduzido, mas não em todas as viagens. Os descontos aplicam-se apenas aos carros ligeiros de classe 1 e 2, a partir da sétima viagem e aumentam com número de viagens. Isto significa que nos primeiros sete dias o condutor paga o valor total da portagem, mas entre o 8º e 16º dia de viagem haverá uma redução de 20%. A partir do 17º dia o desconto ascende a 40%.
Na quarta-feira o governo anunciou também que o desconto que já existia para os veículos de mercadorias é agora aplicado aos de passageiros, com um acréscimo de 5%. Assim, estes veículos passam a usufruir de uma redução de 35% para quem viaja durante o dia e de 55% para quem circule à noite. A notícia gerou bastante discórdia nas redes sociais, com muitas vozes de residentes na região a criticar o regime de descontos e a defender a abolição completa dos pagamentos.
Questionada essa possibilidade, Ana Abrunhosa sublinhou que «não desistirei, mas acho difícil».
A ministra disse ainda que haverá mais medidas de discriminação positiva dos territórios do interior, mas destacou que, apesar disso «temos de fazer estas [já anunciadas] acontecer no terreno», através do contacto com as pessoas, famílias e empresas.