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Depois do Natal “choveram” castanhas em Aldeia Viçosa

Escrito por Jornal O Interior

A tradição do “Magusto da Velha” é cumprida há mais de cinco séculos no dia 26 de dezembro e continua a atrair visitantes e curiosos a Aldeia Viçosa, no concelho da Guarda.
Reza a lenda que tudo começou no século XVII, numa herança deixada aos habitantes da localidade por uma mulher abastada cuja identidade nunca foi esclarecida. A “Velha”, como passou a ser conhecida, deixou como pedido que os residentes comessem castanhas e bebessem vinho uma vez por ano, depois do Natal, altura em que, como agradecimento, rezam um Pai Nosso em sua memória. Assim, todos os anos, no dia 26 de dezembro depois da missa, volta a acontecer no largo da aldeia do Vale do Mondego a tradição secular. Como é costume, os habitantes e visitantes receberam na quinta-feira os 160 quilos de castanhas, atiradas da torre da igreja para o adro, e acompanharam estas ofertas da “velha” com 50 litros de vinho.
O programa da iniciativa, promovida pela Junta de Freguesia e pelo município da Guarda com apoio de associações locais, incluiu várias atividades de animação e a degustação de pão torrado com azeite local, num dia que é «de festa e de envolvimento da população», sublinha Luís Prata, presidente da Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa. De acordo com o autarca, o “Magusto da Velha” tem origem na herança que é referida no “Livro de Usos e Costumes da Igreja do Lugar de Porco [antigo nome de Aldeia Viçosa] – Ano de 1698”. Este ano surgiram novas pistas na identidade da “velha”, com o avanço da investigação levada a cabo por um historiador na Torre do Tombo. O estudo revelou que a benemérita pertencia a uma família dona de uma quinta em Aldeia Viçosa, que se «afeiçoou ao povo» e quis retribuir.
Luís Prata afirma que a tradição «merece» reconhecimento pois «não há, no mundo, outra coisa igual» e, por essa razão, já manifestou junto da Câmara da Guarda a intenção de inscrever a tradição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, no âmbito da candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura 2027.

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Jornal O Interior

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