São as luzes a brilhar e as estrelas a embelezar os céus
São as cantatas dos anjos, em coro, a brindar o Menino
São poemas de amor a inundar o tempo dos tempos
E os cantares solenes das bocas que entoam ao Divino
E são os homens em vestes de veludo branco
A abrir de par em par as vendas do pombal
E as árvores com maior encanto em qualquer recanto
Relembram o milagre perfeito do Nascer – Natal
Assim enfeites brilhantes, sorrisos e quimeras
Iguarias mil em mesas longas arcadas de prata
Pedaços de vida vaidosos em sonância de encantos
Música tom de ternura, querubins dispostos em bailata
Depois são choros de gentes desprovidos de paz e de pão
Que os homens, insanos e surdos, não ousam repartir
E a dor dos que gritam em flagelo o insensato horror
De existências desfeitas, gemidas, sem fé e devir
Ao longe num lugarejo pobre, assim frio e humilde
Um Homem segura ternamente a luz em pavio de azeite
E a Mulher ligada em manto de azul que aconchega o mundo
Traz ao colo, a Redenção, um Menino em franco deleite.
Em crente sentir se eleva a voz mundana ou nobre
E num gesto piedoso, pensado, se ergue em vitória a mão
E eis que o grito exuberante e forte se faz eco:
– O Natal que queres, podes senti-lo em teu coração!
Elizabete Dente