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Ano eleitoral (I)

Vem o Liedson ou não vem o Liedson (será que já aterrou o Liedson?). E os jogadores do Porto, vão ser castigados? Vão continuar a treinar na equipa B ou saltarão de imediato para a equipa principal? Será que o Pampilhosa sem o Liedson aumenta as probabilidades de surpresa?

Mas isto nem seria tão grave se fosse só no futebol. Cavaco não quer a sua foto num cartaz do seu partido. O cartaz já não sai? Ou sai sem cavaco? E quanto ao Paulo Pedroso, entra ou não nas listas? E quanto ao Pôncio Monteiro. Quem o convidou e para quê, se se sabe à partida que as suas posições estão nos antípodas das do actual presidente da Câmara do Porto?

Portugal é um País à beira do abismo que só sabe discutir coisas de pormenor e sem interesse. E desconfio que um destes dias para além dos políticos e dos dirigentes que desde há muito ficaram a falar para as paredes o mesmo vai acontecer com as nossas televisões. Será que não há nada de mais interessante para passarem? Num ano que vai ser de autêntica maratona eleitoral seria bom que as nossas televisões começassem a pensar em apresentar debates de algum nível (como há uns anos, os que se fizeram entre Soares e Cunhal e Freitas do Amaral). Hoje mais importante do que saber se Liedson joga é saber qual vai ser o futuro de Portugal. Mais importante do que saber se Trapattoni teve ou não teve ciúmes de Camacho ser recebido como um herói no estádio da Luz, é saber as linhas com que o Desporto português se irá coser no futuro. Que politicas para o desenvolvimento desportivo em Portugal? Que relações estabelecer entre o estado e os clubes desportivos? Que enquadramento legal para o desporto português neste inicio do século XXI? É isso que ninguém vê debater, é isso que parece passar ao lado de todas as discussões mais ou menos desportivas. Mas inevitavelmente teremos que lá ir. Sem um debate profundo e enérgico não será possível criar orientações claras e definir rumos. Continuaremos a afundar-nos num pântano de ideias confusas e de ineficácia consumidora de grandes recursos. Depois de um ano de euforia do Euro 2004, ideia concebida por um governo e concretizada por outro, eis que nos damos conta das irrisórias mais valias que o evento nos deixou. Na ressaca do Euro damo-nos conta de que o desenvolvimento, e o crescimento, que tanto nos foi prometido, não foram mais do que uma miragem. Hoje damo-nos conta do logro em que caímos. Continuamos com os estádios vazios, e a ter que suportar uma grande despesa para a manutenção e a conservação das infra-estruturas desmesuradas que se construíram. Ao mesmo tempo rebentam escândalos como o do apito dourado, que de algum tempo a esta parte, por vezes parecem avançar e logo a seguir hibernam sem data de prevista de letargia. Infelizmente continuaremos a ouvir notícias de balizas que caiem em cima de crianças, roubando-lhes a vida de uma forma criminosa e silenciosa. Porque é que esses problemas não se resolvem? Não será porque entretanto passamos o tempo a falar de Liedson?

Por: Fernando Badana

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