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Governo vai investir 131 milhões na prevenção e combate aos fogos florestais

Mais meios aéreos, humanos e condicionamento do acesso, permanência e circulação em zonas florestais críticas entre Junho e Setembro de 2005

O Governo anunciou para 2005 um investimento de 131 milhões de euros na prevenção e combate aos incêndios florestais e o «significativo reforço» de meios humanos e aéreos. De acordo com os dados divulgados na passada quinta-feira, Portugal vai dispor de mais nove helicópteros ligeiros e médios do que no ano passado, para além de constituir um dispositivo de seis helicópteros bombardeiros pesados com brigadas de elite, e irá reforçar de dois para dez o número de aerotanques anfíbios. A nível dos recursos humanos, serão criados 16 novos Grupos de Primeira Intervenção (GPI) terrestre e 20 grupos de helitransportados.

«Trata-se de um esforço financeiro sem precedentes. Quase quadruplicam os recursos financeiros afectos a este programa em relação a 2004», realçou o primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, numa conferência de imprensa em que estiveram também os ministros da Administração Interna, Daniel Sanches, do Ambiente, Luís Nobre Guedes, e o adjunto do primeiro-ministro, Rui Gomes da Silva. Este plano nacional de prevenção e combate aos incêndios florestais vai ser hoje aprovado em Conselho de Ministros, tendo estado a ser discutido desde Setembro. Entre as medidas que compõem o plano, o primeiro-ministro destacou a constituição de uma estrutura única de comando, para evitar «situações de descoordenação» verificadas anteriormente. «Pela primeira vez, todas as tarefas de prevenção e combate aos fogos vão ficar concentrados num organismo», destacou, acrescentando que esta unidade vai trazer «mais eficácia na vigilância, detecção precoce e combate aos fogos». Quanto à eventualidade do Governo avançar ou não com a aquisição de seis Canadair (helicópteros pesados), o secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna, Paulo Pereira Coelho, esclareceu que a opção deverá ser mista entre este tipo de aviões e outros de menor dimensão e mais versatilidade.

Por outro lado, acrescentou, a proposta do executivo vai no sentido de alugar – e não comprar – estes aparelhos, uma opção justificada pelos «elevados custos de manutenção». Paulo Pereira Coelho, que apresentou o plano, precisou ainda que, no que diz respeito a meios humanos, vão ser constituídos 29 grupos especiais de intervenção helitransportados para combater incêndios em zona de difícil acesso e criadas três equipas nacionais de avaliação e coordenação, na dependência do Centro Nacional de Operações e Socorro (CNOS). Outra das medidas incluídas neste plano nacional é a criação de um fundo de investimento imobiliário florestal, que visa impedir a proliferação excessiva de minifúndios. O Governo anunciou também que vai apostar em campanhas de sensibilização da população em geral e revitalizar o programa de Voluntariado Jovem, com o objectivo de melhorar a detecção primária de incêndios. Outra medida que o executivo pretende implementar é o condicionamento do acesso, permanência e circulação em zonas florestais críticas entre Junho e Setembro de 2005.

Para melhorar a detecção de fogos, será introduzida uma nova forma de vigilância aérea, que funcionará através de infravermelhos e vídeo. «Este dispositivo vai ser transportado por ultraleves fabricados em Ponte de Sôr, o que constitui uma nova oportunidade para a indústria portuguesa», destacou Paulo Pereira Coelho. Segundo a Direcção-Geral dos Recursos Florestais, os incêndios registados em 2004 até 10 de Outubro destruíram 120.530 hectares. Os fogos deste ano foram em número inferior ao de 2003, quando arderam 424.869 hectares e se registou um prejuízo de mil milhões de euros, de acordo com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.

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