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Dívidas ao Fisco

Parece que a bomba das dívidas fiscais dos clubes voltou a estar na ordem do dia. Segundo notícias de última hora o Estado quer cobrar dívidas no valor de 20 milhões de euros (cerca de quatro milhões em contos). Estas verbas têm a ver com incumprimentos fiscais e resultam da insuficiência das verbas provenientes do “totonegócio”. Até aqui tudo parece bater certo. Foi feito um acordo entre o estado e os clubes (estes representados pela FPF e pela Liga) e acontece que chegou a altura de fazer o acerto de contas entre as receitas obtidas e o défice acumulado. Esta seria uma notícia que faria as páginas e as aberturas de muitos jornais. Faria, digo. Só que no estado de constante sobressalto de notícias, cada uma mais interessante e bombástica que a anterior, cada vez se torna mais difícil reter a informação ou ter o tempo necessário para nos debruçarmos sobre ela. Sinal dos tempos ou sinal da balbúrdia instalada? Seja como for paremos um pouco para pensar sobre esta medida anunciada. Se é certo que o prazo de pagamento que é referido parece muito curto para os clubes poderem cumprir (cerca de quinze dias), por outro lado também me parece que esta deveria ser uma medida já aguardada. Ou não foram os clubes (por intermédio da Liga e da FPF) que assinaram o acordo que prevê o acerto? A “coisa” ainda se poderia entender se se tratasse só de clubes amadores com contabilidades muito rudimentares, mas o que se passa é que as SADs dos grandes clubes também estão envolvidas e aliás até são as principais entidades devedoras. Como tal estas sociedades, altamente profissionalizadas, como se subentende pelo valor dos activos e passivos com que vivem, deveriam desde há muito estar de sobreaviso para esta notificação de pagamento de dívidas. Será que não contavam com tal medida? Foram apanhados desprevenidos? Ou será que simplesmente lhes convém fazer de conta? Mais estranho ainda, é agora tentarem encontrar saídas, cada uma mais engenhosa e criativa que a anterior, para fugir ao pagamento da dívida. Mas não são essas mesmas sociedades que andam no mercado a tentar contratações de jogadores, para o próximo período de contratações de Janeiro? Como aceitar que se fuja ao pagamento de dívidas fiscais e ao mesmo tempo se façam contratações milionárias? Mas que moralidade é esta que leva à fuga ao fisco ao mesmo tempo que se evidenciam sinais exteriores de riqueza? Que a máquina fiscal não é das melhores e que deixa muito a desejar em termos de eficácia, de transparência e mesmo de justiça, todos temos essa noção. Mas que as dívidas são para pagar, esse é o código que nunca deverá ser perdido.

Por: Fernando Badana

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