Arquivo

História da Escola Campos Melo dá origem a museu

Espaço foi criado na antiga Oficina de Tecelagem e revela peças alusivas a todos os cursos ministrados desde 1884

A Escola Secundária Campos Melo, na Covilhã, possui desde a última sexta-feira um “Museu Educativo” na antiga Oficina de Tecelagem da escola que retrata os 120 anos de existência da instituição e onde estão representadas peças alusivas às disciplinas leccionadas pela escola desde 1884.

Quadros, teares, desenhos, bustos em gesso, central de telefones, aparelhos usados nos laboratórios de química e física, tinturaria e nas ciências naturais são alguns dos artigos expostos no Museu Educativo da Campos Melo. «Ressaltaria neste espólio o material da área de desenho (industrial, ornamental, técnico, carvão e grafitti), sendo que alguns modelos de gesso estão cá desde 1985, praticamente desde a altura da fundação da escola», salienta a presidente do conselho executivo Isabel Fael, que destaca ainda no espólio o material das áreas de física e química datado de 1883, caso do aparelho de banho-maria em cobre. É claro que o património têxtil não podia ser ignorado neste inventário. «A escola abriu para responder às necessidades de qualificação da indústria têxtil e essa é uma área de exposição que ocupa uma parte significativa do museu, como não poderia deixar de ser», salienta Isabel Fael. Um Tear Jacquard de 1916, um Tear de Soco e outro Mecânico, bem como tecidos produzidos por alunos que frequentaram os cursos de tecelagem são algumas das peças em exposição. «Há um painel de tecido produzido no curso de debuxo entre 1927 e 1928, e outros desde 1930 a 1933», adianta a presidente do conselho executivo.

A área da electricidade, mecânica e de lavores femininos, cursos ministrados na escola no início da sua fundação, estão também em destaque, bem como o herbário de ciências naturais oferecido à escola em 1969 e que contém plantas «com registos desde 1924». Paralelamente a estes trabalhos antigos, a direcção da escola apresenta ainda trabalhos recentemente premiados para incentivar os alunos a prosseguirem «numa atitude criativa», explica Isabel Fael. É o caso de um quadro pintado em 1999 por Joana Marques, a propósito dos 25 anos do 25 de Abril, mas também do trabalho que ganhou o concurso da escola para criar o rótulo dos 50 anos da Adega Cooperativa da Covilhã e dos trabalhos de holografia premiados em 2001 e 2004. «Este museu é um ponto de chegada dos 120 anos e um ponto de partida para continuar a aumentar o espólio», sustenta Isabel Fael, referindo-se às doações de inúmeros covilhanenses e antigos alunos. Para já, o museu está à disposição de toda a comunidade, se bem que a direcção da escola pensa mantê-lo aberto às sextas-feiras e criar um roteiro pedagógico para visitas escolares.

A inauguração do museu encerrou as comemorações dos 120 anos da instituição, ao longo deste ano, com actividades diversificadas, colóquios e debates. Fundada em 1884 numa casa cedida por José Maria Veiga da Silva Campos Melo (patrono da escola), a Escola Secundária Campos Melo, na altura Escola Industrial da Covilhã, assumiu um papel importante na formação de técnicos especializados, principalmente no Curso Técnico de Tecelagem. A escola arrancou a 16 de Dezembro com 62 alunos: 13 nos cursos diurnos de Desenho Elementar e 30 nos cursos nocturnos de Desenho Industrial, 11 em Matemática e oito em Química. Hoje, possui cerca de mil alunos divididos pelo terceiro ciclo de ensino básico e pelo ensino secundário.

Liliana Correia

Sobre o autor

Leave a Reply