Recentemente o presidente da Associação Académica do IPG proferiu declarações que há muito são ouvidas por quem ocupa aquele cargo. São os recados em tom de chantagem, dizendo que a cidade «não compreende, ou não quer compreender, que são os estudantes que, maioritariamente, estimulam a economia local» e que os estudantes continuam a ser vistos como «alienistas» (penso que quereria dizer alienígenas, mas como é jovem, posso ser eu a desconhecer este termo do léxico dos “millennials”).
Estes argumentos prendem-se, em muito, com as queixas feitas por muita gente por causa do barulho noturno que alguns grupos de estudantes, principalmente nas épocas das festas académicas, fazem sem pudor pelas ruas das cidades e que nunca são criticadas pela Associação Académica. São os berros a altas horas da madrugada, são os vomitados deixados pelos passeios e, falo no meu caso pessoal, as antenas de carro partidas (já vou para a terceira).
Ainda na semana passada um grupo de estudantes que vinha a berrar canções académicas por volta das 5 horas da manhã tocaram às campainhas do meu prédio, que é habitado por casais de idosos. Isto tem que ser dito e tem que ser condenado por parte do presidente da Associação Académica da Guarda. O respeito é um caminho de duas vias. Os estudantes do IPG fazem parte da sociedade da Guarda, são muito importantes e a maioria dos guardenses gosta e aprecia a sua presença e contributo na cidade, mas a vivência em comunidade implica responsabilidade e respeito de todas as partes.
Não é razoável um autarca dizer que, durante uma ou duas semanas, alguns cidadãos terão que aguentar com o barulho e não ter direito a noites de descanso, quando o próprio nem sequer pernoitava na cidade, ou líderes partidários que digam que quem comprou casa ao pé do IPG não o deveria ter feito.
Se há uma lei do ruído, ela tem que ser cumprida e são as autoridades policiais que têm que garantir esse cumprimento, coisa que se têm escusado a fazer. Há soluções para estes problemas, passam pela boa educação e pela cooperação entre instituições. A falha em encontrá-las por quem tem responsabilidades é que tem trazido esta falsa divisão entre os habitantes e os estudantes. É hora de trabalhar para encontrar estas soluções.
Alexandre Costa, Guarda