Num exímio exercício de contorcionismo, Ana Abrunhosa, presidente da CCDR Centro, afirma, que em certas regiões, nada há a fazer, além da gestão do declínio económico e populacional. Percebi então que os burocratas não eleitos, para uma regionalização que nunca se aprovou, são uma fusão entre promotores de festas da Bliss e gestores de insolvência. Para que o nosso enterro não seja triste, há financiamento para festas brancas e bolos, ao bom estilo dos ritos fúnebres hindus. Na cremação do território também estamos vários degraus abaixo do inferno e Bolsonaro terá muito para aprender aqui. Espero que rapidamente se indexe a remuneração destes gestores aos seus resultados.
Numa sondagem em monociclo, conduzida por mim, com o mesmo rigor dos transvases da barragem do Sabugal para o regadio da Cova da Beira, aparentemente nenhum, verifiquei que uma elevada percentagem de eleitores desconhece os candidatos pelo círculo eleitoral da Guarda. Mesmo com a ajuda do público, foi desmotivador perceber que um deles não foi conhecido pelas suas propostas, mas pelo mesmo motivo que Boris Johnson. Um problema coletivo associado à forma e cor dos folículos pilosos capilares não será o melhor cartão de visita.
As acrobacias em paraquedismo são já mais endógenas que o queijo da Serra. Se alguém necessitar de invocar a pertença a esta região bastar-lhe-á alegar que aqueles homens do Neolítico, que pintaram as margens do Côa, tiveram grande descendência. Um exercício de ridículo que acontece num país que organiza eleições em círculos distritais e listas partidárias fechadas, quando se divide em CCDR’s e comunidades intermunicipais, que não encaixam harmoniosamente. Apontar a proximidade dos candidatos à região, como mais valia, é, como temos observado, um exercício mais complicado de demonstrar que os teoremas matemáticos de Frederico Varandas.
Num distrito onde não se têm construído barragens demográficas, a evaporação de eleitores é um problema óbvio sem ilusionismo que o consiga mascarar A seca é severa e na ausência de um plano de sabotagem de contracetivos, continuaremos a bater palmas às promessas de cuidados paliativos territoriais. Não houve cogumelo do tempo, ou esteroide anabolizante, que nos tenha permitido evitar a amputação de um representante do distrito. Limitando a nossa escolha a um cenário Rosa e Laranja.
O malabarismo com que sempre nos é apresentado o tema das portagens na A23 e A25 é um “case study” de venda de banha da cobra, em que cada lado da barricada nos tenta convencer da sua inimputabilidade. Certo é que o assunto tem barbas tão grisalhas que se perde na cascata argumentativa. Mas onde é claro, que nesta matéria, não há santinhos.
Num bom número de equilibrismo, o primeiro-ministro/ candidato anunciou o descongelamento da segunda fase do hospital da Guarda. Uma prova do aquecimento global da campanha, mas também de grande probabilidade de meter água. Não sei se se referia ao projeto inicial de reconversão do hospital ou ao remendo no pavilhão 5. De qualquer das formas, a julgar pelo rápido esvaziamento do território, poderemos iniciar aqui o projeto-piloto do SNS animal proposto pelo PAN para os lobos, ursos e raposas que herdarem o terreno.
Rui Rio quer dar um murro na mesa e reformar o sistema político. O problema destas palhaçadas é o ricochete que, invariavelmente, atinge o eleitor com um pontapé na virilha. Não é de estranhar, portanto, que o autocarro de vidros fumados não transborde de militantes e não transmita confiança. A escassez de transparência em décadas resultou num corpo eleitoral amorfo e desnutrido. Se ao menos o debate Rio/ Costa nos tivesse esclarecido acerca do local de assinatura do novo contrato de concessão do Hotel Turismo…
Enquanto o partido do Beirexit não vai a votos, o mote deveria ser o de Roberto Leal, que há já muitos anos nos cantava “Ai bate o pé, bate o pé, bate o pé…”