P – Em que consiste o Remedia.Lab – Laboratório e Incubadora de Media Regionais, que está a desenvolver na UBI?
R – É composto essencialmente por três partes. Na componente inicial temos o observatório, em que fazemos o diagnóstico. Queremos fazer a radiografia dos meios de comunicação social que existem na região Centro e vamos, essencialmente, descrever, fazer inquéritos, realizar análises de conteúdo e ainda reunir com jornalistas e público dos media regionais para obter as suas opiniões e elaborar relatórios. A segunda parte é uma componente de laboratório, em que queremos experimentar coisas novas com os participantes no projeto. Frequentemente os jornalistas não têm tempo para experimentar novos recursos e elaborar reportagens com componentes mais inovadoras. No nosso caso temos profissionais disponíveis a tempo inteiro para desempenhar essas funções e experimentar em ambiente controlado, antes de publicar. Por fim, somos também incubadora, no sentido em que pretendemos desenvolver novas ideias, sejam elas de novos meios de comunicação ou, por exemplo, novos sites para meios já existentes.
P – O que o levou a iniciar este projeto?
R – Este é já o terceiro projeto que realizamos na área da imprensa regional. A região Centro é a área mais forte do país em termos de leitura de imprensa regional e esse é um ponto a nosso favor. Havia um programa em que, essencialmente, o que se exigia era que os projetos apresentados e a apoiar tivessem um impacto positivo na sociedade. Com a nossa experiência, e devido à forte presença que os media regionais ainda têm nesta região, achámos útil candidatarmo-nos para um projeto financiado nesta vertente, de modo a podermos apoiar o jornalismo regional e contribuir para o seu desenvolvimento.
P – Quem está envolvido neste projeto?
R – Além de mim, a coinvestigadora responsável é Anabela Gradim, do Labcom. Estão envolvidos os docentes Manuela Penafria, Catarina Rodrigues, Nuno Francisco e José Ricardo Carvalheiro, do Departamento de Comunicação e Artes; Arminda do Paço, docente do Departamento de Gestão e Economia; e Nuno Amaral Jerónimo, do Departamento de Sociologia. Inclui ainda investigadores do Labcom.IFP e do Departamento de Informática. Há também jornalistas e leitores de meios de comunicação regionais, que irão participar em discussões e inquéritos de forma a podermos obter conclusões concretas.
P – Qual será o contributo do Remedia.Lab para o desenvolvimento da região?
R – É um contributo indireto. Queremos beneficiar os meios de comunicação regional, que se forem mais fortes, robustos, com maior capacidade de captação de leitores, tiverem maiores receitas e forem capazes de gerar mais empregos tornar-se-ão mais aptos para disseminar mais e melhor informação, o que é sem dúvida um fator essencial ao desenvolvimento da região.
P – E quais serão as principais conclusões que espera retirar desta investigação?
R – Esperamos conseguir resultados práticos: melhorar sites, conseguir que os jornais captem cada vez mais leitores, conseguir que novas rubricas sejam lançadas e que sejam bem-sucedidas, promover o desenvolvimento de novas secções para que estas que possam ser bem recebidas junto dos públicos. Também gostaríamos, eventualmente, de captar alunos de Comunicação e jornalismo e colocá-los em contacto com as empresas, de modo a que ambos possam tirar partido da experiência. Os estudantes ganham experiência a trabalhar ativamente num meio de comunicação real e as entidades podem beneficiar com as perspetivas e habilitações dos mais jovens.
Perfil de João Carlos Correia:
Coordenador do Remedia.Lab – Laboratório e Incubadora de Media Regionais
Naturalidade: Covilhã
Idade: 58 anos
Profissão: Professor na Universidade da Beira Interior
Currículo: Jornalista durante 16 anos, colaborou com publicações como “O Independente”, revista “Música e Som”, “Público” e também com a extinta Agência Noticiosa Portuguesa (ANOP). Atualmente é docente do Departamento de Comunicação e Artes da UBI e Investigador do LabCom.
Filme preferido: “O Leopardo”, de Luchino Visconti
Livro preferido: “Uma Amiga Genial”, de Helena Ferrante
Hobbies: Ler, ler, ler… e caminhar