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Beralt Tin & Wolfram chega a acordo salarial com os mineiros

Greve das Minas da Panasqueira foi cancelada após um aumento de 17 euros por mês no salário base

O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) suspenderam a greve que estava marcada para o final de Setembro, por ter chegado a acordo com a administração da Beral Tin & Wolfram, concessionária das Minas da Panasqueira. Até Dezembro, os mineiros vão receber mais 17 euros no ordenado base, para além do aumento de 15 cêntimos no subsídio mensal de alimentação e um prémio de 50 cêntimos por cada tonelada de volfrâmio produzida acima das 125 toneladas.

«Estávamos à espera de um apoio maior, mas foi o acordo possível para ambas as partes», admitiu o sindicalista António Matias, que reclamava um aumento salarial na ordem dos 50 euros mensais face ao aumento significativo da produção desde Fevereiro e que só no mês de Julho atingiu as 141 toneladas. Mesmo com maquinaria velha e deficitária, a empresa conseguiu duplicar a produção e aumentar para 260 o número de trabalhadores. Por enquanto, as exigências salariais e a greve foram colocadas de parte dadas as «condições em que se encontra a empresa» e graças à «boa vontade do presidente do conselho de administração», estando, no entanto, já marcado um plenário para Janeiro para discutir os novos aumentos salariais, explica António Matias. «Não sei até que ponto a Beralt Tin tem condições para assegurar este aumento», desabafa por sua vez Fernando Vitorino, director das Minas da Panasqueira, para quem «foi um aumento puxado, pois a empresa ainda não atingiu um ponto de equilíbrio. Neste momento, a empresa está a dar aquilo que não tem», acrescenta.

Para a estabilidade económica da empresa, era necessário que «o dólar atingisse o mesmo valor do euro, o preço do volfrâmio subisse e que a empresa tivesse o novo equipamento para aumentar a produção», aponta o director da Beralt Tin & Wolfram. Através de um sistema de leasing, a empresa conseguiu encomendar três máquinas de dimensões reduzidas – “low profile” – que irão permitir a exploração de novos filões e a redução do custo de produção. A pá carregadora chegou no final do mês de Setembro, faltando apenas agora as duas máquinas de perfuração que deverão chegar até ao final do ano. A par disso, a Beralt Tin & Wolfram espera ainda o «apoio do Governo para uma garantia bancária no valor de 30 por cento» proposto no projecto entregue há um ano na Agência Portuguesa de Investimento para adquirir ainda mais maquinaria moderna. O acordo celebrado com o STIM representa um «sacrifício» para a empresa, garante Fernando Vitorino, que confessa terem anuído nas exigências para que houvesse «paz» nas minas. O objectivo é continuarem a lutar pela sobrevivência da empresa e no aumento da produção, que, de resto, não foi atingido no mês passado por causa das constantes avarias e a recusa dos mineiros em fazerem horas extraordinárias. «Espero que o sindicato compreenda o esforço da administração, pois estamos a arriscar a vida da empresa», alerta.

Liliana Correia

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