A proposta de projeto de lei do PSD pretende incentivar alunos a estudar no interior do país, disponibilizando uma bolsa de 1.000 euros como forma de incentivo. O objectivo do programa “Eramus +Interior” é atrair estudantes de universidades do litoral para que experienciem um semestre no interior, de forma «a valorizar o ensino superior de uma área do país com menor procura». O diploma foi defendido esta semana na Assembleia da República e o PSD espera que possa entrar em funcionamento já no próximo ano lectivo.
Esta não é a primeira vez que são propostas medidas para aumentar o número de alunos nas universidades do interior do país. A ideia de um Erasmus para o interior já tinha sido defendida por Rui Rio em outubro, durante a apresentação de propostas sectoriais que deverão fazer parte do programa eleitoral social-democrata para as próximas eleições legislativas. No entanto esta é a primeira vez que é definido o período da mobilidade e o valor da bolsa de incentivo. O reitor da Universidade da Beira Interior (UBI) considera que que esta é uma medida «muito favorável ao interior, boa em termos sociais e académicos». António Fidalgo sublinha que «o problema que se coloca é que os estudantes do litoral têm desconhecimento relativamente ao interior. As ligações, ou raízes, às pequenas localidades perderam-se e não existe conhecimento destas regiões. Não tenho dúvidas que a concretização desta medida seria benéfica à fixação de recém-licenciados no mercado de trabalho do interior», adianta o responsável.
Para João Nunes, presidente da Associação Académica da Guarda, será «positivo o facto de esta medida atrair mais população estudantil à região, mas não acredito que vá ter impacto na fixação dos estudantes do litoral aqui». O dirigente estudantil acrescenta ainda que «é bom o facto de ser uma medida concreta, que define valores a disponibilizar, o que não aconteceu com medidas anteriores, no entanto penso que essas verbas deveriam ser empregues no auxílio a estudantes já integrados nas universidades e politécnicos do interior, e não em alunos que, com certeza, regressarão ao litoral quando o semestre chegar ao fim». Já Afonso Gomes, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior, natural do concelho da Covilhã, diz ser «contra este tipo de “incentivos”, assim como contra a medida implementada de redistribuição das vagas retiradas em Lisboa e no Porto, supostamente, para serem colocadas em instituições do ensino superior do interior, algo que vimos não se verificar»
O presidente da AAUBI salienta que «estudar no interior não tem de ser considerado um desafio, mas tem de ser encarado como uma escolha. Essa escolha tem de ser apoiada de uma forma real, para que se criem as condições necessárias para os estudantes». Relativamente ao programa “Erasmus +Interior” e às verbas a ele associadas, o dirigente afirma que «poderiam antes redistribuir o investimento aqui destinado pelas instituições do interior, como medida de reforço ao seu financiamento, para que possam melhorar as suas condições e a sua oferta formativa – principalmente na Universidade da Beira Interior, que sofre de um sub-financiamento crónico há largos anos», sugere. O INTERIOR tentou contactar o presidente do IPG, Joaquim Brigas, sobre este assunto, o que não foi possível até ao fecho desta edição por se encontrar fora do país.
PSD propõe bolsa para atrair alunos para o interior
Programa de mobilidade “Eramus +Interior” pretende disponibilizar um apoio de 1.000 euros a alunos das universidades do litoral para que passem um semestre numa instituição de ensino superior do interior