Com menos 16 alunos que no ano passado, a Universidade da Beira Interior (UBI) colocou 858 alunos na primeira fase de acesso ao ensino superior. Das 32 licenciaturas com atribuição de vagas, foram 15 os cursos que preencheram a totalidade das vagas, sendo que Medicina (80 vagas) e Arquitectura (48) dão reputação à instituição por serem os cursos mais procurados a nível nacional. Aliás, são estas duas áreas (Medicina com três anos e Arquitectura com um) que lideram o “ranking” das médias mais altas da instituição com 180,7 e 154,6, respectivamente, seguidas de Psicologia (36 vagas ocupadas) com 152,2. A média mais baixa é de 101,2 no curso de Informática (Ensino), que apenas ocupou quatro das 15 vagas disponíveis.
Apesar de ter preenchido a totalidade das vagas em Bioquímica (45), Ciências da Comunicação (44), Ciências do Desporto (60), Gestão (60), Economia (45), Engenharia Informática (65), Marketing (35), Sociologia (40), Cinema (35), Design Multimédia (30), Design Têxtil e do Vestuário (30) e Design Industrial (22), a verdade é que a UBI foi a segunda universidade a nível nacional com piores resultados na primeira fase de acesso, visto que os cursos de Engenharias, as Matemáticas e alguns de ensino conheceram uma das maiores razias de sempre. Engenharia Civil, que tem preenchido quase a totalidade das vagas nos anos anteriores, registou este ano lectivo a menor procura de sempre. Das 70 vagas abertas, apenas 28 foram preenchidas. Engenharia Electromecânica apenas conseguiu preencher 10 das 20 vagas, enquanto que Electrotécnica e Mecânica captaram apenas 7 e 2 alunos, respectivamente, para as 18 vagas disponíveis. Pior, só mesmo Engenharia da Produção e da Gestão Industrial, que depois de ter reaberto este ano com dez vagas apenas conseguiu conquistar um aluno. Engenharia Aeronáutica, que costuma preencher a totalidade das vagas, também não se safou, mas o panorama aqui foi muito mais risonho. Trinta dos 35 lugares disponíveis foram preenchidos. Engenharia Têxtil apenas preencheu uma das 14 vagas e Engenharia Química preencheu 14 das 25 propostas. Somente Engenharia Informática “salva” o departamento de Engenharias ao ter preenchido as 65 vagas.
Nos cursos de ensino, o cenário repete-se: Português/Inglês não teve qualquer aluno para as 20 vagas, enquanto que Língua e Cultura Portuguesas captou apenas três alunos para as 25 vagas. Já para Português/Espanhol apenas ficaram por preencher quatro das 20 vagas. Nas ciências exactas, o ensino da Matemática preencheu duas das 20 vagas e Física/Química obteve apenas um aluno para as 15 disponíveis. Química Industrial preencheu seis dos 30 lugares criados, enquanto que Física Aplicada – ramo Optometria/Optotecnia preencheu 38 das 45 vagas. O reitor Santos Silva desdramatiza a situação: «Tivemos menos 16 alunos em relação ao ano passado e apenas a percentagem (77,7 por cento) é que baixou ligeiramente, porque o número de vagas subiu», explica, considerando que os resultados das colocações da primeira fase «não foram maus para a UBI, tendo em consideração a localização geográfica».
Cursos com menor procura podem fechar
Opinião diferente tem o presidente da Associação Académica da UBI, Nuno Costa, para quem o decréscimo de alunos prende-se com a propina fixada em 800 euros para este ano lectivo e a exigência de «especificas mais difíceis» aos alunos na fase de candidatura. «Acho que é uma boa altura para a UBI tirar as ilações para que possa captar ainda mais alunos», avisou aquele responsável. No entanto, o presidente da AAUBI mantém «boas perspectivas» para a segunda fase de acesso, esperando que as vagas fiquem completas. Para Santos Silva, «não são as propinas que afectam a vinda dos alunos, porque a UBI deverá continuar com a mesma percentagem de 37 por cento de alunos bolseiros». Na sua opinião, o decréscimo registado prende-se com as diferentes condições de acesso nos sistemas de ensino, nomeadamente nas notas de entrada, nas classificações e nas disciplinas para cursos com a mesma designação. «Não critico as outras instituições, mas a UBI tem tido o maior cuidado na fixação das disciplinas que dão acesso a uma determinada licenciatura», justifica, garantindo que a universidade «nunca vai aceitar um aluno em Engenharia sem ter Matemática».
A única certeza, por enquanto, é que alguns dos cursos que apenas atraíram «um ou dois alunos» não deverão abrir vagas para o próximo ano lectivo. «A universidade terá que analisar em Conselho Científico qual a política a seguir para os próximos anos, pois não faz sentido manter os cursos abertos com um, dois ou três alunos. É impossível e nem o Ministério deixa», adiantou o reitor. EPGI é, para já, o curso com mais probabilidade de fechar por só ter atraído um aluno depois de ter encerrado. «A UBI tem que ponderar e canalizar as vagas desse curso para outros que permitam captar alunos», assegurou.
Liliana Correia