1. Com a chegada de um novo ano, chegam novas expetativas e novo alento para os próximos 365 dias. E ouvimos sempre mensagens de otimismo.
O Presidente da República foi um pouco para além das habituais mensagens presidenciais e, em ano de eleições, defendeu a participação mais ativa dos portugueses na vida democrática. «O que vos quero pedir, hoje, é simples, mas exigente. Votem», disse Marcelo Rebelo de Sousa, para acrescentar a mais importante das justificações: «Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter. Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e netos, olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje», defendeu o chefe de Estado.
Mais de metade dos portugueses abstém-se de votar. E por isso é urgente não apenas defender a maior participação cívica dos cidadãos, mas também promover novas formas de participação e apelar ao voto. A vida democrática não confere apenas direitos, mas também deveres, e nomeadamente o dever de votar. A desconfiança que muitos cidadãos têm em relação aos partidos e aos políticos leva-os a escolher não votar, mas a abstenção não muda nada. E a mensagem do presidente é para os portugueses, mas é essencialmente para os políticos. Porque se mais de metade dos portugueses não vota, não participa na vida política, é porque a “partidocracia” se esgotou; é porque as pessoas olham para os partidos e veem uma sociedade clientelar, de interesses, jogos e corrupção. Por isso, quando Marcelo apela ao voto deixa também um recado aos políticos: sejam melhores e «sejam confiáveis».
Este ano vai haver duas eleições da maior relevância. Já em maio, para o Parlamento Europeu, em que os portugueses, maioritariamente, consideram distantes e não valorizam, mas onde se joga muito, onde se joga o futuro da Europa, da democracia liberal e da vida dos europeus – da Europa das liberdades, do Estado social e do bem-estar. E depois as legislativas para o novo governo de Portugal – estas mais próximas, mais diretamente associadas ao “nosso” futuro, e onde se exige o melhor desempenho dos candidatos, os melhores programas dos partidos, mas também a maior participação eleitoral dos cidadãos. Não basta mostrar desilusão ou descontentamento com o sistema político ou com os partidos, é preciso participar e votar. Como apelou o Presidente da República, só dessa forma podemos olhar para amanhã e depois de amanhã.
2. Depois de um ano em que o Movimento pelo Interior capitalizou algumas dinâmicas e defender nova energia pela coesão territorial, esperemos que este seja “o Ano” em que mais do que discursos, a correção das assimetrias seja uma realidade. Como mote para as eleições legislativas exige-se não apenas a defesa do interior num contexto de agenda mediática e de discurso político, mas também da implementação de medidas de efetiva mudança de paradigma. Não basta definir algumas medidas contra a interioridade, é preciso um “Plano Marshall” que urgentemente mude o caminho de desertificação e despovoamento do interior. E sendo certo que há alguns sinais de mudança política, nada de estruturante foi feito. Não há uma política fiscal verdadeiramente motivadora da mudança; não há um programa ambicioso; não há investimento público qualificado que preconize um novo caminho; não há transferência de e mudanças de rumo relevantes que possam alterar o esvaziamento do interior (o flop da transferência do Infarmed de Lisboa para o Porto confirmaram a incapacidade de mudar e o centralismo ancestral de Lisboa).
3. Agora que 2018 acabou; agora que entrámos em 2019; agora que repetimos, como todos os anos, que este será um ano muito importante; agora… Votos de um grande ano para todos, em especial para os nossos colaboradores, para os nossos amigos, para os nossos clientes e para os nossos leitores: Próspero Ano Novo!