É possível que um fármaco que funciona num paciente para o tratamento de uma doença seja inútil noutro indivíduo que padeça da mesma doença?
Se bem que os membros da mesma espécie partilhem um genoma comum, existem variações mínimas entre os seus representadas que, ao ser moduladas pelo ambiente, geram fenótipos – termo da genética usado para descrever as características observáveis de um indivíduo que resultam da interação dos fatores epigenéticos com o genótipo e os fatores ambientais não herdáveis – subtilmente diferentes. Assim, como existem pessoas altas e outras baixas, louras ou ruivas, também a nossa resposta a um medicamento não será igual para todos.
Muitos tratamentos utilizados são absolutamente ineficazes nalguns dos pacientes desperdiçando-se dinheiro e recursos sem conseguir resolver o problema sanitário. Esta problemática requer uma abordagem complexa e só é possível graças ao grande avanço tecnológico que a biologia tem tido nos últimos anos. A farmocogenómica é a disciplina científica que procura dar estas respostas, tentando associar o êxito ou toxicidade de um fármaco com a sequência genómica particular de cada indivíduo. Estes novos conhecimentos têm tido impacto nos ensaios clínicos dos fármacos em desenvolvimento, mas complicam ainda mais os estudos para quantificar da melhor maneira os alcances dos compostos em análise.
Num futuro não muito distante cada pessoa levará consigo uma ficha contendo um código que representará a sua carga genética particular. Perante qualquer doença, o médico poderá administrar-lhe os melhores fármacos e nas doses adequadas de acordo com a sua condição, conseguindo-se assim um melhor uso dos recursos e obtendo-se um maior êxito na sua saúde.