um abismo primordial, o teu nome
memória do ventre da terra
e dum céu a transbordar
são doces os auspícios de sal
e de mar
a maresia nasce na concha das
tuas mãos
assola-te os olhos na claridade
das manhãs
de que cor tinges o rosto quando
as vagas se alisam e o areal
queima o dia?
há um azul no teu sangue
a caiar a tua pele
o teu nome desvia as sombras
e as palavras pronunciam-se
vagarosamente
como se a vida quisesse deixar-se
levar pelos deltas
e mergulhar bem fundo
no mar
Maria Afonso