P – Foi eleito presidente da concelhia da Guarda do PS há cinco meses. O que tem feito até agora?
R – Qualquer estrutura que se queira funcional tem, em primeiro lugar, uma tarefa de organização interna – fase de pouca visibilidade exterior, mas vital para que no futuro não tenhamos de estar sempre à procura do método, da forma e da organização. Em cinco meses constituímos grupos de trabalho, dos quais fazem parte militantes, simpatizantes e a própria sociedade civil. Seria mais fácil uma política de aparência, uma “política de facebook”, com “muita parra e pouca uva”. Este é um projeto de trabalho sério, consequente, e não um projeto de chavões e lugares comuns. A política local tem de ambicionar e pensar em projetos e propostas trabalhadas com rigor técnico e profundidade.
P – Qual é a sua avaliação dos primeiros meses deste mandato de Álvaro Amaro na Câmara da Guarda?
R – Contínua em funcionamento uma enorme máquina de marketing, arrogância e prepotência política, com total desconsideração pela opinião contrária e enorme dificuldade em conviver com a crítica. Álvaro Amaro tem hoje outros horizontes, não tem os pés nem a cabeça na Guarda. O trampolim Guarda (de usar e deitar fora) tem os dias contados e quem por cá fica que vá pagando as festas brancas… Como diz o povo: o último que feche a porta.
P – Quando assumiu funções, em janeiro deste ano, anunciou que faria uma oposição «responsável, construtiva e vigilante» à maioria PSD na autarquia. Mas o PS não se tem visto a fazer oposição. Onde têm andado desde então?
R – Peço desculpa, mas não posso concordar com essa “falta de presença opositiva” do PS. Temos travado uma dura batalha política na vereação e na Assembleia Municipal, que são os locais onde, em primeira instância, se faz oposição ao atual executivo. A questão da integração dos SMAS (que tanto incomoda o executivo), o orçamento, a prestação de contas, por exemplo, têm merecido da nossa parte uma oposição responsável, construtiva e vigilante. O PS intervém quando necessário e de forma acertada. Recusamos falar por falar, numa espécie de sobrevivência saloia de marcar agenda.
P – Concorda com as requalificações do Largo da Misericórdia e da Torre dos Ferreiros?
R – Ainda não vi o projeto, nem o anteprojeto… Vi uns “bonecos” sentados nuns bancos (serão os bancos da Rua do Comércio?), um anfiteatro, e tenho conhecimento que foi apresentada a memória descritiva, o que é curto para uma verdadeira tomada de posição sobre o assunto. Mas o que mais me preocupa é que, mais uma vez, se vai requalificar sem existir um plano de ação global que pense esta cidade em termos de urbanismo. Claro que a crítica é sempre mais fácil, quando não construtiva, que apresentar soluções.
Por termos assumido o tal compromisso de uma oposição responsável, construtiva e vigilante, iremos apresentar em setembro uma equipa multidisciplinar, composta por engenheiros, arquitetos, mas também por pessoas ligadas às ciências socais, moradores, comerciantes, associações, instituições e pessoas ligadas ao mundo das artes, que será responsável pela elaboração de um programa de ação para a requalificação do nosso centro histórico. Assim que concluído não ficará egoisticamente na gaveta: vamos “dá-lo” à cidade. Talvez, sem qualquer pretensiosismo, possa ser um projeto rigoroso em termos técnicos, realista em termos sociais e um trampolim que ficará para o futuro da nossa cidade.
P – Na sua opinião, do que mais precisa a Guarda neste momento?
R – A Guarda necessita de pessoas. Aliás, na luta contra a interioridade e o isolamento o verdadeiro Movimento que a Guarda precisa é o “movimento” de pessoas. Pessoas que aqui se fixem de forma livre e voluntária: as “quotas” para o interior é a face mais triste e débil que podemos dar. Não precisamos de esmolas, precisamos de ambição, de uma política com visão e horizontes. Necessitamos de ser atrativos, de fixar pessoas, de pensar numa outra forma de desenvolvimento que aposte na inovação e no conhecimento e tenha a ambição de criar produtos e serviços, sobretudo de base tecnológica, exportáveis para qualquer parte do mundo. Não desistimos da ideia: “Guarda Cidade Inteligente”.
P – E está disposto a ajudar para se encontrar uma solução para resolver esses problemas? Como?
R – Como afirmei, aquando das eleições para a concelhia do PS, propomos um projeto que politicamente tenha o seu fim centrado nos interesses do concelho e da cidade. Se a boa proposta for de outra força política, essa será também a proposta do Partido Socialista. Diremos sim com convicção e sem complexos. Diremos não com fundamento e sem receio. Será sempre pela Guarda e para a Guarda.
P – Internamente, já conseguir unir os socialistas da Guarda?
R – O PS está bem e recomenda-se. O trabalho une e motiva. Temos trabalhado unidos em torno de uma ideia: Pela Guarda e Para a Guarda.
P – O que vai fazer a concelhia nos próximos tempos?
R – No dia 28 deste mês iremos realizar um debate acerca da Educação que queremos para a Guarda. Neste Verão vamos promover uma caminhada a favor da despoluição dos rios Diz e Noéme. Na primeira semana de setembro organizaremos um jantar de homenagem aos fundadores do PS na Guarda e aproveitaremos para dar as boas vindas aos novos militantes.
Perfil:
Presidente da comissão política concelhia do PS da Guarda
Idade: 34 anos
Naturalidade: Guarda
Profissão: Advogado
Currículo: Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; presidente da Mesa da Assembleia da Associação 1056; vice-presidente do Núcleo Sportinguista da Guarda; vogal do Conselho Técnico da Associação de Futebol da Guarda; e deputado municipal pelo PS na Guarda
Livro preferido: “Dos Delitos e Das Penas”, de Cesare Beccaria
Filme preferido: “Os Condenados de Shawshank”, “O Padrinho”, “A Lista de Schindler” “Intouchables” e “Casablanca”
Hobbies: xadrez, viajar e o Sporting Clube de Portugal.