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Esclarecimento sobre o “Aquilo”

António Godinho (ex-presidente e cooperante do grupo “Aquilo-Teatro”) serve-se deste jornal, na última edição, para debitar um conjunto de generalizações num acto que vai contra um dos princípios consagrados no estatuto da cooperativa, que passo a citar: « (…) é dever primeiro de cada um dos membros da cooperativa concorrer para o bom nome, prestígio e eficiência desta, não a comprometendo por acções ou omissões lesivas dos seus interesses». A sua atitude demonstra desrespeito por tal princípio.

Vem o senhor António Godinho – qual testa de ferro – lançar para a opinião pública a sua posição pessoal sobre o estado actual do “Aquilo”. Como é fácil ao tão ilustre poeta fugir, com erudição, à discussão face-a-face das questões concretas, em sede própria. Teve oportunidade de o fazer e não o fez. Prefere, semanas depois, espalhar as brasas de uma fogueira que ajudou a incendiar.

Em vez de convocar autores consagrados, deve ser honesto com a sua própria consciência. Lembre-se do que fez (e não fez) na sua gestão do

Aquilo, em termos artísticos e financeiros. Tem um mérito, diga-se. Sozinho, conseguiu tomar decisões relevantes e em defesa dos interesses da cooperativa.

Por exemplo, sem estar previsto, já com a sua Direcção em gestão, dias antes de deixar o cargo de Presidente, decide e edita um livro (?) seu. Estreou-se como encenador e, sem dar disso conhecimento, fez-se pagar a si próprio quando toda a equipa artística – que integrei com alma como actor e co-encenador (admita-o!) –, havia decidido não receber nada.

Pode rotular-me como um burocrata, mas sem uma gestão honesta nada mais pode ser honesto. Jamais me servi ou servirei do Aquilo, indevidamente, para resolver a minha vidinha, em termos artísticos ou financeiros.

Como pode o senhor António Godinho fazer um julgamento público, por apenas um ano de gestão, ainda por cima com as trapalhadas dele herdadas!? O que conseguiu o senhor António Godinho fazer num ano de tão extraordinário, de tão marcante, de tão prometedor para o futuro da cooperativa, que o mova a tais propósitos!? Nada.

Move-o agora uma autista vingança de quem tem mau perder. O que ficou bem claro ao reagir, ferozmente, após a derrota democrática da sua lista, ameaçando vir para os jornais. O que cumpriu, no pior dos estilos.

Não venha com moralismos, nem me atire com os agentes “carismáticos”, muito menos “com o sacrifício da sua vida pessoal”. Tem no exemplo do projecto “Uma pedra na mão” – para não ir buscar tantos outros na história da última década do Aquilo (onde estava o senhor?) – a forma como sempre me entreguei aos interesses da cooperativa, abdicando de pagamentos, sacrificando e prejudicando a família e a vida profissional. O meu protagonismo no Aquilo, já que tanto o preocupa, deve-se, modéstia à parte, a um reconhecimento interno e público das minhas qualidades enquanto actor. E foi nesse papel que durante os últimos anos ajudei o Aquilo a afirmar-se numa das suas mais importantes vertentes, o teatro. Disso o senhor não se pode orgulhar. Não preciso de ser presidente do Aquilo para obter daí qualquer protagonismo social ou profissional. Nunca fiz disso qualquer aproveitamento pessoal. Grave é dizê-lo, sem qualquer prova concreta, apenas com o intuito de achincalhar a minha dignidade, num sinal de provinciana inveja.

Diz que a lista eleita se agrupou para obter benesses do poder. Veremos, mais tarde ou mais cedo, como se engana no alvo.

Estava longe de imaginar tão mau perder dos “históricos” do Aquilo, próprio de outros tempos, de que a atitude pública de António Godinho é apenas uma insignificante parte. Por detrás da sua aparente atitude individual, como refere aos leitores, está uma estratégica campanha atentatória e destabilizadora do normal funcionamento da cooperativa, essa sim, merecedora de vir para a praça pública.

Victor Amaral, representante de uma equipa legitimamente eleita para os órgãos sociais do “Aquilo-Teatro”, da Guarda.

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