A seca extrema e a falta de reservas de água continuam a ser um dois dos maiores problemas do interior de Portugal nos meses de verão. Esta situação, ao que tudo indica, já poderia ter sido minimizada se o Governo de António Costa não tivesse cancelado, em 2016, a construção das barragens do Alvito, no rio Ocreza, e de Girabolhos, no Mondego, anteriormente aprovadas pelo executivo de José Sócrates e faziam parte do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH).
Segundo o “Público” de segunda-feira, estes dois empreendimentos iriam garantir o abastecimento de «quase um Castelo de Bode» à população de sete concelhos do interior Centro, mas nunca foram tratadas como reservas estratégicas de água. A queixa foi apresentada ao diário por Rui Godinho, novo presidente do Conselho Diretivo da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Água (APDA). «O interior pode ter tudo, até o IRC zero que agora o Governo propõe, mas sem água ninguém vai. A gestão da água é seguramente um dos mais delicados problemas políticos que vamos ter em Portugal, na Península Ibérica e na Europa, nas próximas décadas», afirmou o responsável. De acordo com os cenários de exploração mais favoráveis das barragens, o projeto do Alvito poderia chegar a um nível pleno de albufeira de 560 milhões de metros cúbicos e o de Girabolhos, no concelho de Seia, aos 204 milhões de metros cúbicos de água.
Ao todo, seriam 764 milhões de metros cúbicos de água para populações que sofrem grande escassez dela no Verão e com perspetivas de secas cada vez piores. A barragem de Girabolhos abasteceria os concelhos de Seia, Gouveia, Fornos de Algodres, Mangualde e Nelas. Alvito abrangia os concelhos de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão.