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Manteigas lidera qualidade de vida do país

Avaliação elaborada pelo Instituto de Ciências Sociais de Lisboa atribui nível muito bom à Guarda e Fundão

O concelho de Manteigas é o melhor do país em termos de qualidade de vida. Na primeira avaliação integrada do nível de qualidade de vida de Portugal continental, elaborada pelo Instituto de Ciências Sociais de Lisboa, no âmbito do Programa Observa, o município serrano integra uma lista de 12 concelhos a que foi atribuída a classificação de “excelente”, mas em termos de situação absoluta é mesmo o melhor do país. No lote seguinte, que integra os concelhos com muito boa qualidade de vida, encontram-se a Guarda e o Fundão.

Estas distinções ganham ainda maior relevo se atendermos ao facto de que os piores casos se localizam principalmente no interior do país. A equipa liderada pelo geógrafo João Ferrão, que realça que esta análise não pretende fazer uma apreciação do trabalho desenvolvido pelos autarcas, mas sim uma avaliação mais global, formulou a classificação apresentada, tendo em consideração 75 indicadores ambientais, demográficos, sociais, culturais e económicos. Para se encontrar o índice de qualidade de vida foram definidos três grupos distintos. No primeiro foram analisados os indicadores ambientais e urbanísticos, enquanto no segundo foram abordadas as dinâmicas demográficas (envelhecimento e regressão populacional), sociais (divórcios), económicas (excessiva especialização produtiva, envelhecimento e densidade do parque automóvel) e funcionais (sobreutilização dos equipamentos de saúde). Por último, estudaram-se os aspectos de educação (níveis pré-escolar e secundário), desemprego e exclusão social associada a situações de pobreza e subemprego. José Manuel Biscaia, presidente da Câmara de Manteigas, ficou «muito lisonjeado e orgulhoso» com esta distinção que, de resto, vem de encontro ao que sempre defendeu: «É muito bom viver em Manteigas e na Serra da Estrela», assevera, realçando ao mesmo tempo que a análise foi elaborada por um «especialista na matéria», embora admita que estes estudos «não são inalteráveis».

O edil serrano aproveita a oportunidade para formular «um convite a toda a gente» para ir até Manteigas comprovar «esta excelente qualidade de vida» e “alerta” os empresários ligados ao turismo ambiental para «porem aqui os olhos». Numa estratégia orientada para captar mais visitantes, «os empresários da área turística devem procurar vir investir nesta zona porque ela tem futuro», reforça. «A natureza, o ambiente, a qualificação social, o parque automóvel de elevada qualidade, a cultura, a estabilidade do emprego, a boa qualidade ao nível da saúde e educação», mas também o facto do concelho «não ter muitos problemas de exclusão social e de pobreza», contribuíram, no entender de José Manuel Biscaia, para o primeiro lugar de Manteigas neste “ranking”. Já Maria do Carmo Borges sublinha não ser «uma surpresa muito grande» a Guarda surgir como um dos concelhos com um nível muito bom de qualidade de vida na avaliação do Instituto de Ciências Sociais de Lisboa. «Surpresa» foi antes um estudo publicado pelo semanário “Expresso” em Março deste ano, onde a Guarda surgiu entre as capitais de distrito com pior qualidade de vida. Para a autarca guardense, «não são necessários muitos estudos para se ver que na Guarda se vive bem e com qualidade de vida», defende. Neste sentido, a edil quer que os seus habitantes sintam «o estímulo de terem feito esta escolha». Acredita, de resto, que, perante duas cidades com a mesma oferta de trabalho mas diferente qualidade de vida, «as pessoas vão escolher aquela que tem uma qualidade de vida muito boa em vez da menos boa ou má». Entre os diversos factores que poderão ter contribuído para esta distinção, Maria do Carmo destaca o «ar certificado, os espaços verdes, as melhores acessibilidades do país e os equipamentos culturais e desportivos». De igual modo, não deixa de salientar que o pelouro da Educação «apostou muito no ensino pré-escolar», enquanto o da Cultura tem desenvolvido um «excelente trabalho». E, na sua opinião, estes serão «dois pontos fundamentais para tornarem as pessoas mais exigentes». Até ao fecho desta edição, não foi possível obter uma reacção de Manuel Frexes, autarca do Fundão.

Ricardo Cordeiro

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