As contas de 2017 da autarquia foram aprovadas por maioria, com os socialistas a votarem contra por causa das «opções políticas». Eduardo Brito justificou que «os problemas estruturais da Guarda não estão a ser resolvidos», mas Álvaro Amaro acusou a oposição de «não querer trabalhar, o que interessa politicamente é estar contra».
A Câmara da Guarda diminuiu a dívida em mais de 1,9 milhões de euros em 2017, relativamente a 2016, e apresentava no final do ano transato mais de 3,9 milhões de euros de fundos disponíveis. Estes são alguns dos dados da prestação de contas de 2017, aprovada por maioria na reunião do executivo de segunda-feira com o voto contra dos vereadores do PS.
O documento, que vai ser discutido na Assembleia Municipal de amanhã, revela ainda que a execução orçamental do município chegou aos 81 e 82 por cento, ao nível da despesa e receita, respetivamente, e que o prazo médio de pagamentos a fornecedores era de 27 dias no final de dezembro de 2017, data em que a autarquia não tinha pagamentos em atraso. Já em termos de endividamento, a Câmara guardense apresentava «uma margem superior» relativamente a 2016, passando de 15,5 milhões de euros para cerca de 20 milhões de euros. No final do ano passado o saldo corrente do município era positivo e ultrapassava os 4,9 milhões de euros. «O que significa que o total arrecadado de receitas correntes foi superior ao valor pago, que representa um superavit, o que permitiu libertar fundos da sua atividade corrente para financiar o investimento, demonstrando a boa gestão do município», lê-se num resumo da prestação de contas fornecido aos jornalistas.
Segundo o mesmo documento, o saldo para a gerência seguinte é de 498.359 euros, sendo que a diminuição da rubrica “Juros e outros encargos” situou-se nos 64,37 por cento. «Tal facto deve-se essencialmente à diminuição de juros pela renegociação de empréstimos para substituição dos empréstimos PAEL e Saneamento Financeiro, o que proporcionou taxas de juro mais vantajosas», justifica a autarquia. Este retrato contabilístico do município não deslumbrou os vereadores do PS, que votaram contra as «opções políticas» da maioria e por considerarem que o relatório espelha «a forma como continua a olhar para os problemas estruturais da Guarda», disse Eduardo Brito. Para o socialista, eles «não estão a ser resolvidos e o tempo há de destapar isso», tendo acrescentado que neste caso «a Guarda ficaria prejudicada se esta maioria tão sólida saísse ainda mais reforçada com o voto favorável dos dois vereadores da oposição». Além disso, «há muitas dúvidas sobre o volume da dívida em 2013, quando o PSD chegou à Câmara», considerou.
Por sua vez, Álvaro Amaro lamentou o voto contra dos eleitos socialistas. «Os senhores não querem trabalhar, o que interessa politicamente é estar contra», afirmou, sublinhando que estas contas «devem fazer corar de vergonha os responsáveis do PS». O presidente da Câmara adiantou ainda que tinha «a esperança» que os socialistas votassem a favor porque «o julgamento político já foi feito», enquanto o vice-presidente Carlos Chaves Monteiro realçou o facto dos encargos com juros ter baixado significativamente para 284 mil euros em 2017, «quando, em 2015, a Câmara pagava mais de dois milhões de euros».
Passadiços do Mondego a concurso
Unanimidade mereceu o projeto dos passadiços do Mondego, que está concluído e foi aprovado pelo executivo. A sua construção vai agora ser posta a concurso público com um preço base de três milhões de euros.
O projeto foi desenvolvido pela empresa Trimétrica, responsável pelos passadiços de Arouca, e vai desenvolver-se ao longo de 12 quilómetros nas margens mais escarpadas do Mondego com a instalação de pontes suspensas, percursos e miradouros. A ideia foi apresentada por Álvaro Amaro na sessão solene dos 817 anos do foral da Guarda, em novembro de 2016, para promover o turismo de natureza e possibilitar a descoberta das histórias do vale do Mondego. «Queremos fazer melhor que em Arouca e Vale de Cambra porque temos o melhor vale do país», sublinhou na altura o presidente da Câmara. Ano e meio depois, o edil reiterou que o empreendimento ainda não tem apoios comunitários, mas garantiu que vai trabalhar «para garantir esse financiamento nos próximos meses». E acrescentou que, se tudo correr bem, haverá condições para iniciar as obras até ao final do ano.
Luis Martins
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