Folheio as redes sociais com alguma curiosidade e vou tentando perceber onde estão os clientes delas. Há um evidente movimento de pessoas de mais de 50 anos sobre o facebook que se foi democratizando e estendendo a uma transversal rede de pessoas independentemente de estatuto e de conhecimento. Todos usamos o facebook e ali deixamos opinião, crítica, denuncia, apoio, praguejo, insulto, vaidade, paixão pública, convites, organização de eventos. Já o instagram encheu-se de gerações mais novas e a exposição do belo e do corpo vai sem refúgio. A juventude tem a fragrância das peles esticadas e rijas. O twitter foi invadido por políticos e futebolistas para despejar suas opiniões. O método de comunicação mais usado por esse mundo fora é o whatsapp que reduziu o skipe a uma franja menor. Em todo o lado há uma exposição do eu. O indivíduo como supremo espaço da existência. Não há grupo, nem família na página da selfie. Eu sou o mundo todo no instante. Esta forma de relevância da célula una deu-lhe um direito novo que é o de não ter fronteiras de língua nem de formas. No facebook o insulto e o apoucamento ganharam conteúdos inenarráveis. Matamos aqueles com que discordamos, praguejamos como se não houvesse amanhã. Mas falamos de quê? Do Passos Coelho professor. Viram-se as esquerdas à dentada. Do Sampaio da Nóvoa diplomata. Os anteriores em silêncio ou a aplaudir odeiam os que exploram o contraditório destas decisões. Temos os pitbull da informática. Temos os crocodilos dos comportamentos alheios. Há quem dilacere uma coincidência, um excerto descontextualizado. É a sociedade da transparência, da nudez a encontrar a intolerância das convicções? Os estruturados de fé são mais justos que os ateus? Os homossexuais e os transgénicos estão no mesmo saco? Os animais são tão importantes como os nossos filhos? Lá vem a torrente de intolerantes que ao invés da troca de razões pragueja, desinforma, ridiculariza, apouca e destrata. Por isso vejo um enorme cansaço nalgumas redes sociais e encontro no instagram um progresso fascinante. Os jovens ocupam este e desaparecem do lugar da intolerância dos mais velhos, os mais ideológicos, os mais informados que se tornou o facebook.
– eu até já disse no face!
Por: Diogo Cabrita