Na passada semana morreu um dos mais brilhantes cientistas dos últimos tempos, quer pela contribuição que deixou à física e astronomia, quer pela resiliência no combate às limitações físicas de uma doença que o atormentava desde os 21 anos. Stephen Hawking trouxe um novo olhar sobre os buracos negros, nunca deixando de se indagar sobre a origem do Universo.
Stephen Hawking nasceu em Oxford a 8 de janeiro de 1942 – precisamente 300 anos depois da morte de Galileu Galilei – e morreu a 14 de março deste ano no dia do nascimento de Albert Einstein há 139 anos, que é também o dia do Pi (3,14). Para homenagear o legado que deixou vamos olhar para estas zonas do universo que tanto interesse despertaram no físico britânico.
Quando uma estrela de grande massa morre, a estrela de neutrões que resta tem uma massa tal que não consegue vencer a força da própria gravidade. A sua gravidade é tão forte que absorve tudo o que se aproxima, incluindo a luz. O objeto torna-se um buraco negro. Os buracos negros são objetos muito estranhos. Não apresentam forma material – deles resta apenas a gravidade. Tudo o resto foi comprimido num ponto de dimensões matemáticas indefinidas no centro do buraco, chamado singularidade. Aí as leis da física não funcionam.
A gravidade é essencialmente infinita. Quando nos afastamos, a gravidade vai diminuindo até que, a um raio determinado, a velocidade de fuga desce abaixo da velocidade da luz. No interior desse raio, nenhum sinal emitido durante um qualquer acontecimento consegue escapar. Por esta razão, esta fronteira crítica é conhecida como horizonte de acontecimentos. Visto sobre um fundo luminoso, um buraco negro teria o aspeto de um disco negro sem qualquer característica que o distinguisse com as dimensões do seu horizonte de acontecimentos, rodeado por imagens de fundo profundamente distorcidas sobre o qual seria “visível”.
Uma das ideias, ainda não confirmadas por observações, ficou conhecida como a radiação de Hawking, um tipo de radiação libertada pelos buracos negros conforme se vão evaporando até desaparecerem. Este pressuposto assenta na ideia de que os buracos negros emitiam radiação, quando se defendia que apenas engoliam energia. Por fim, referir que o título deste texto é idêntico ao titulo da tese de doutoramento, concluída em 1966, na Universidade de Cambridge e que foi divulgada pela primeira vez no ano passado. Em menos de 24 horas, houve quase 60 mil downloads da tese, informava a Universidade de Cambridge, que considerou tratar-se de um documento «histórico».
Na sequência desta publicação, Stephen Hawking afirmou «ao tornar livre o acesso à minha tese, espero inspirar pessoas em todo o mundo a olhar para cima, para as estrelas, e não para baixo, para os seus pés», uma ideia que sempre o acompanhou ao longo da sua vida.
Por: António Costa