Garantindo que não houve intenção «de lesar quem quer que fosse», Manuel Santos Silva recordou na terça-feira, no Tribunal da Covilhã, todo o processo do caso do terreno do Canhoso até chegar ao acordo com a autarquia que pôs fim a um outro diferendo judicial em que duas familiares do ex-presidente da Assembleia já tinham sido condenadas a pagar à Câmara uma verba que com juros já rondava os 365 mil euros, sendo que a autarquia aceitou receber um terreno avaliado em 119 mil euros e mais uma verba monetária de 13 mil euros. Acordo esse que o arguido considera ter sido «um mau negócio», acrescentando que «ainda hoje estou convicto de que não tinha de dar nada à Câmara», apenas o aceitou pois quis «terminar com um processo muito desgastante em termos psicológicos, financeiros e até ao nível da imagem pública».
Quando o processo teve inicio era ainda Carlos Pinto o Presidente da câmara da Covilhã, que Santos Silva acusa de promover «perturbações constantes» e «pressão», que terminou na assinatura de um protocolo com condições desfavoráveis para as familiares que representa. Já posteriormente, a Câmara abriu um processo de incumprimento por parte das familiares de Santos Silva o que levou a «várias conversações com o executivo municipal» tendo a proposta sido chumbada em 2012, e segundo Santos Silva, depois de o próprio ter rejeitado mais do que um convite do PSD para liderar uma candidatura à Câmara e ter optado por integrar a lista do socialista para a Assembleia.
Na qualidade de assistente, Carlos Pinto foi também ouvido na mesma sessão, negando ter existido «coacção» no processo. O ex-Presidente da Câmara disse ainda que Santos Silva tinha intenção de se candidatar nas eleições seguintes, pelo que aquela era uma questão queria ver resolvida, assim propôs que ambas as partes desistissem do processo. Proposta que terá sido chumbada em reunião do executivo por ser «má» e porque a advogada do município tinha avisado que não esperava outra decisão que não fosse a da confirmação das sentenças prévias. Perante o tribunal, Carlos Pinto disse não entender «como se trocam duas decisões judiciais por 13 mil euros, quando deviam ter entrado nos cofres da Câmara quase 300 mil euros mais juros».