Manter as forças úteis e imprescindíveis a carburar é um fascínio do stress. Imprime-se uma agressão e o corpo responde na sua capacidade de produzir hormonas de inflamação, péptidos e enzimas, que abrem portas e fecham janelas. O corpo em resposta à agressão tem as mãos frias, os sentidos apurados, a capacidade de reagir de impulso ao rubro. Nós reconhecemos o perigo e reagimos com os sentidos e os químicos e até alterações corporais. Podemos sucumbir ao medo que paralisa, mas podemos despertar a adrenalina que adapta para a defesa do coração e do cérebro. O corpo humano e o dos animais mostra a sua adaptação com reações vistosas que existem em todos mas nós recusamos ver nas pessoas e só aceitamos ver nos animais. Eriçar o pelo, como os cães, abrir a cauda do pavão, mover com ligeireza na sedução, dançar com exuberância para chamar a atenção. O ser humano é um animal e também é inteligente. Na sua estrutura física é também um animal igual aos outros que estão em promoção de direitos. Nós podemos perder o controlo do esfíncter com o pavor, podemos chorar de medo, podemos sufocar e sentir aperto no peito com a ansiedade. Nós somos bicho no que concerne à salvação do corpo perante a agressão. Ser bicho pessoa é óbvio quando a tiroide se incendeia para nos tornar agressivos. Mas há reações que se adequam ao agressor, ao gatilho que desencadeia ou estimula o confronto. Se estivermos perante um leão a tendência de preservar não será saltar-lhe para o pescoço. Se uma mulher agredida tem um macho de cem quilos na frente não o pode derrubar e acanha-se. É aqui que percebemos a importância da civilização. Os menos válidos fisicamente carecem de instituições que reponham a justiça nas relações e os defendam da perseguição, da violência e da agressão. Esta sorte não têm os bichos e por isso há pessoas que as criam para os defender. A fronteira deste conflito de perceção é outra miragem dos tempos modernos, outro momento de conflito. As mulheres terão cio? Blasfémia! Os animais terão alma? Blasfémia. O osso da cauda nos homens abana? Blasfémia! O futuro é curioso.
Por: Diogo Cabrita