Mesmo com as bancadas mais vazias e sem os nomes sonantes do ano passado, a organização do II Meeting Internacional da Cidade da Covilhã, realizado no último fim-de-semana no Complexo Desportivo local, faz um balanço «positivo» da prova tendo em conta que foram batidos seis novos recordes nacionais e que dois atletas conseguiram atingir os mínimos para a participação em Agosto nos Jogos Olímpicos de Atenas.
Isbel Luaces, de Cuba, e o brasileiro Luís Fernando, ambos no lançamento do dardo, foram os autores dessa proeza com 81,12 e 77,83 metros, respectivamente. A canadiana Erika Witter (11s85) e a brasileira Michelle Barreto (4m25s43) bateram os recordes nos 100 metros e 1.500 metros femininos, enquanto que o português Rafael Gonçalves (2,11 metros) e o brasileiro Cleverson Oliveira (51s32) atingiram os recordes em salto em altura e nos 400 metros barreiras. Jarbas Mascarenhas, também do Brasil, conseguiu por sua vez bater os recordes dos 100 (10s34) e dos 200 metros masculinos (20s86), baixando assim o tempo obtido no ano passado pelo atleta português Francis Obikwelu nos 200 metros. Daí que para Policarpo Gouveia, director da prova, o balanço seja «altamente positivo» pela «qualidade e quantidade» de atletas presentes, muitos internacionais, mas também pelas marcas que se conseguiram, algumas das quais aquele responsável «não esperava». «Nos dardos já esperava que lançassem acima dos 80 metros porque conhecia os atletas, mas nos 200 metros, por exemplo, não estava à espera», confessa. Daí que, na sua opinião, este Meeting Cidade da Covilhã pode mesmo ser considerado um dos melhores a nível nacional, tal como aconteceu no ano passado.
Já o atleta português de salto em comprimento, Carlos Calado, não conseguiu alcançar nesta prova os mínimos para os Jogos Olímpicos. Facto que não o preocupa, pois «falta um mês e meio para os Jogos. Há tempo suficiente para alcançar os mínimos», assegura. Ainda a recuperar de uma longa lesão, o saltador do Futebol Clube do Porto acredita que apenas irá conseguir alcançar «o período mais alto» perto dos Jogos Olímpicos. Na Covilhã, apenas fica a frustração de não ter conseguido atingir os objectivos propostos, ou seja, alcançar uma marca à volta dos 7,90 metros. Depois de alguns saltos, Calado apenas conseguiu atingir os 7,86 metros. «Imensamente satisfeito» com os resultados obtidos na prova, Policarpo Gouveia acredita que a Covilhã irá ser uma referência pelo facto de dois atletas terem aqui alcançado os mínimos. «É uma maneira de promover também o concelho no exterior. Isso é que é importante», admite. Também o vereador com o pelouro do desporto, Joaquim Matias, considera que o “meeting” «leva o nome da cidade para a Europa e para o mundo», considerando por isso que a aposta feita em 2003 foi «ganha em 2004 e será para continuar no futuro». O vereador apenas lamenta a ausência da «moldura humana do ano passado» e de atletas «de cartaz» a competir. No entanto, garante que há «qualidade e quantidade» no meeting covilhanense. Aliás, essa foi a aposta deste ano, tendo em conta que o orçamento foi o dobro do ano passado, ou seja 65 mil euros, para garantir a presença de atletas de Cuba, Brasil ou dos EUA. Naide Gomes e Fernanda Ribeiro também estiveram presentes, mas não competiram. A atleta do Sporting Clube de Portugal, que já se apurou para Atenas, não correu na Covilhã devido a uma lesão, enquanto a portista, dona de vários títulos nacionais e mundiais, aproveitou as altas temperaturas da Covilhã para se preparar para o sol de Atenas. Ambas foram homenageadas pela Câmara pelas boas classificações que têm conseguido alcançar.
Ricardo Cordeiro
