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A velha máquina laranja

Ordenamento florestal feito, Inverno dentro da normalidade, portagens abolidas e eixos viários seguros e rápidos na cidade, é hora de colocar o foco num tema tão premente quanto a entrada de animais de estimação em restaurantes, num Portugal que projeta o futuro não cometendo os erros do passado, a “ridiculornamentação” de Rotundas.

A American Locomotive Company estaria longe de imaginar que uma das suas 71 ALCO RSC 3, espalhadas de Cuba ao Paquistão, construídas entre 1950-1955, iria terminar os seus dias numa ilha rodeada de automóveis, lojas asiáticas e da grande distribuição. Dispenso os túneis da Serra da Estrela, pela garantia de abertura de uma passagem inferior de acesso ao interior da rotunda a partir do Parque Urbano do Rio Diz. Afinal quem não sente saudades do intenso cheiro a gasóleo proporcionado por esses colossos dos carris?

Um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra sugeria em 2009, num estudo encomendado pela Estradas de Portugal, o fim de instalações no centro das rotundas dada a sua influência negativa na visão periférica, colocando em causa a segurança rodoviária. Passaram quase 10 anos e já que ninguém quer saber, projete-se já a colocação do foguetão da Space X com o Tesla a bordo, quando regressar à Terra, como evento de comemoração da Guarda como Capital Europeia da Cultura ou da reabertura da linha da Beira Baixa. Já que é para colocar sucata, que não seja uma sucata qualquer.

Desconheço a posição do clube português dos entusiastas do caminho-de-ferro, mas a excitação deverá ser comparável ao pré-visionamento do “50 sombras Livre” no jantar de encalhadas de 14 de fevereiro! Todo um movimento só análogo às invasões para observar o elétrico de Maçainhas de Belmonte e os caças da força aérea no Carvalhal Formoso. Não sei se já aceitam reservas para viagens de finalistas, mas asseguro que são capazes de fazer, com tempo, um serviço comparável ao realizado em Torremolinos.

Proponha-se ainda a implosão do mal amado G, que será substituído por um YOP Pina-Colada gigante, em homenagem à descoberta do iogurte líquido, uma 4L rosa no Largo da Estação, uma bobine de cobre na rotunda da PLIE para celebração do novo investimento da COFICAB e o maior cobertor de papa do mundo, com garantia Guiness Book of Records e design certificado, na nova, e muito útil, rotunda de acesso a Maçainhas.

Esta obra essencial ao ordenamento de tráfego da cidade, que permitirá descongestionar a pressão rodoviária na zona e que deverá eliminar umas quantas magnólias que ocupam por agora o espaço, irá custar 349.900 mais IVA, ou seja uma bela pechincha que espero que possa ser paga com “bitcoins” na data de entrega da obra.

Não sei se existe também recomendação para que os munícipes vejam apenas o canal institucional, mas a Guarda terá uma velha máquina Laranja a loucomover o concelho e isso merece destaque. Pelo que o Grupo Zimbro será ajustado para cantar única música que pode abrilhantar a festa: “Apita o Comboio ao chegar à Guarda, Apita o comboio, a fatura não tarda!”

Por: Pedro Narciso

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