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Distrito da Guarda com 60.038 hectares de área ardida

Câmara de Seia estima que fogos de outubro tenham causado mais de 10 milhões de euros de prejuízos

O distrito da Guarda é o segundo mais afetado no país em área ardida, revela o último relatório provisório de incêndios florestais do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Entre 1 de janeiro a 31 de outubro deflagraram no distrito 198 incêndios florestais e 277 fogachos, dos quais resultaram 60.038 hectares ardidos (21.390 em povoamento e 38.648 em mato). Pior que a Guarda só mesmo Coimbra, com 113.839 hectares – cerca de 26 por cento da área total ardida até à data em Portugal. Em terceiro lugar surge Castelo Branco com 52.721 hectares (12 por cento do total). Até final do mês passado registaram-se 214 ocorrências enquadradas na categoria “grandes incêndios”, que queimaram 412.718 hectares de espaços florestais, cerca de 93 por cento do total da área ardida. A 15 de outubro, que ficou conhecido como “o pior dia de incêndios” no país, o distrito guardense foi o que teve o incêndio que consumiu a maior área a nível nacional. O fogo que deflagrou em Sandomil (Seia) devastou 43.191 hectares (24.179 em povoamento e 19.012 em mato). Já o incêndio do Sabugueiro, também naquele concelho serrano e em pleno Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), consumiu 14.343 hectares.

Os prejuízos financeiros causados por estes incêndios no concelho de Seia são superiores a 10 milhões de euros e este valor «não consubstancia todos os danos de pessoas e bens, nem os estragos incalculáveis nas áreas agrícola e florestal», segundo o último levantamento da Câmara Municipal. De acordo com a nota divulgada pelo município, «só no setor económico contabilizam-se perdas superiores a quatro milhões de euros, montante que não reflete a totalidade das 42 empresas afetadas, muitas delas privadas do exercício da sua atividade». Ao nível das infraestruturas e de equipamentos municipais, «o inventário apurado até ao momento prevê prejuízos da ordem dos 2 milhões de euros», acrescenta a autarquia. A edilidade calcula que só na reparação das 22 estradas municipais afetadas terá de «despender mais de 1,4 milhões de euros, valor que não representa os estragos na sinalética, estimados em 464 mil euros».

O levantamento também aponta para danos nos sistemas de distribuição pública de água e de equipamento complementar urbano, com prejuízos na ordem dos 170 mil euros. Carlos Filipe Camelo referiu na última reunião do executivo municipal que o relatório «contabiliza 130 habitações afetadas pelos fogos, 73 de residência permanente e 56 de segunda habitação», estimando que os estragos ultrapassem os quatro milhões de euros, pelo elevado número de casas que ficaram completamente destruídas (35 de primeira habitação e 43 de segunda).

No geral, a base de dados nacional de incêndios florestais regista, desde o início do ano, um total de 442.418 hectares de área ardida, um dos piores registos de que há memória.

Sara Guterres Fogo iniciado em Sandomil (Seia) a 15 de outubro devastou 43.191 hectares

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