Mais de uma centena de dirigentes sindicais reivindicaram na última segunda-feira, nos principais concelhos do distrito de Castelo Branco, por «emprego estável e com direitos». Mobilizados pela União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB), afecta à CGTP-IN, os sindicalistas iniciaram em Belmonte uma marcha de protesto contra as políticas desencadeadas pelo actual Governo, passando depois pela Covilhã, Tortosendo, Fundão e Castelo Branco, tal como tinham estipulado no início do mês na conferência sindical pelo “Desenvolvimento Social e Económico do distrito”.
Com o objectivo de «sensibilizar a opinião pública» para os problemas sociais e económicos que afectam o distrito decorrentes dos salários «mais baixos do país», os sindicalistas entoaram palavras de ordem com cartazes a corroborar o protesto e cantaram a uma só voz “Está na hora, está na hora, do Governo se ir embora”. Na Covilhã, o concelho do distrito mais afectado, o presidente da USCB, Luís Garra discursou em frente à Câmara para exigir ao Governo «medidas económicas que travem o aumento do desemprego e que levem à criação de emprego e de mais postos de trabalho». Medidas que foram reivindicadas há dois anos num plano de emergência para o distrito e que estão incluídas no PRASD e no estudo “Beira Baixa – que Futuro”. Análises que foram «pagos pelo Governo que agora não os aplica», sentenciou Garra, considerando que «este Governo tem levado a região à ruína e à destruição». E se dúvidas houvesse recordou que em dois anos de governação PSD/PP 75 empresas foram à falência, perderam-se quatro mil postos de trabalho e haverá mais de 10 mil desempregados em todo o distrito, para além do «ataque aos direitos laborais e sociais dos trabalhadores».
A marcha sindical de sensibilização pretendeu ainda pedir ajuda aos presidentes de Câmara e à Governadora Civil para que o Executivo de Durão Barroso implemente as medidas defendidas naqueles dois estudos para revitalizar o tecido económico da região e impedir que pelo menos mais «cinco empresas», actualmente em processos de recuperação, caminhem para a falência. José Cartaxo, da comissão executiva da CGTP, também marcou presença na marcha e apelou à implementação daquelas soluções em vez de «medidas que atacam os direitos dos trabalhadores, que aumenta o desemprego, e que degradam a situação económica e social do país». Já o vereador Joaquim Matias, que recebeu Luís Garra, José Cartaxo e o porta-voz do STAL, José Alberto, assegurou que a Câmara está sensibilizada para o problema e que Carlos Pinto tem «pressionado o Governo para inverter a situação». Segundo os últimos dados da USCB, só no sector de lanifícios e confecções encerraram cerca de 30 empresas. Esta é sem dúvida a área mais afectada no distrito, mas o sindicato alerta ainda que todos os sectores estão a sofrer e passar por sérias dificuldades. É o caso dos aglomerados da madeira que «desapareceu praticamente» no distrito com a paralisação da “Sotima” de Proença-a-Nova e deixou no desemprego 234 trabalhadores, mas também do sector da cerâmica que «vai desaparecendo de forma lenta e inexorável» com a falência da “Sobetão” e da “Cerâmica de São Pedro”. A primeira deixou no desemprego 25 trabalhadores e a segunda 18. O sector das águas também foi afectado com o encerramento da “Sete Fontes” na Covilhã e a redução do número de trabalhadores da “Águas do Alardo” no Fundão. Os sectores metalúrgicos, automóvel, o comércio tradicional, a administração publicam, a agricultura e as florestas também não escaparam à crise económica.
Liliana Correia