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«Também há heróis nacionais na História Mundial»

Aristides Sousa Mendes ainda não integra os programas curriculares até ao 9º ano de escolaridade

O exemplo humanista do cônsul português, Aristides Sousa Mendes, foi recordado no 50.º aniversário da sua morte na Escola Básica dos 2º e 3º ciclos da Sequeira. Na passada quinta-feira a escola guardense foi palco de várias comemorações, com um conjunto de actividades que envolveu professores, alunos e alguns convidados. A homenagem ao cônsul fundamentou-se em «três grandes tributos», explica José Grilo dos Santos, presidente da Comissão Executiva Instaladora. A plantação de um cedro, assinalada por um ritual proporcionado por alguns membros da comunidade judaica de Belmonte; a colocação de uma pedra com uma frase de Sousa Mendes e o descerramento da placa da biblioteca com o seu nome.

Entre os convidados destas celebrações destacou-se a presença de vários elementos da comunidade judaica de Belmonte, do neto do cônsul, Major Sousa Mendes, e do representante da Amnistia Internacional, Nabais Caldeira, entre outros. Do vasto programa constou ainda a projecção do filme “Anne Frank” e de mais dois documentários em simultâneo sobre Aristides Sousa Mendes. Depois da visita às exposições sobre o homenageado e da entrega simbólica de cópias de “petições” enviadas ao representante da Amnistia Internacional, seguiu-se um lançamento de balões e de pombas com mensagens sobre os Direitos Humanos tendo por fundo sonoro o “Hino da Alegria”, de Beethoven, interpretado pelos alunos. «A escola pretendeu comemorar o 50º aniversário e salvar vidas, à semelhança de Aristides Sousa Mendes», explica José Grilo dos Santos, aludindo à recolha de sangue efectuada ao longo de todo o dia e que teve uma participação bastante activa, nomeadamente do corpo docente e da comunidade em geral. «Hoje precisamos de valores para seguir e este é um bom exemplo», sublinhou o professor.

«Esta é uma forma de fazer justiça e de cumprir o nosso dever de lutar contra o esquecimento, a indiferença e a intolerância», destacou, por sua vez, o neto do cônsul, Major Álvaro Sousa Mendes, para quem as cerimónias realizadas foram de uma «dignidade e profundidade espantosa». Porém, realça o papel das crianças nestas acções, por isso espera «que a mensagem do meu avô seja apreendida e aplicada no dia-a-dia». No final da jornada, Álvaro Sousa Mendes, visivelmente emocionado, confessou sentir-se «gratificado» com esta iniciativa e acredita que «a mensagem foi transmitida com êxito». A mesma opinião têm os alunos, que não ficaram indiferentes e aderiram a todas as actividades. Soraia Costa frequenta o 9º ano e só teve conhecimento da importância de Aristides Sousa Mendes na disciplina de História no ano passado, «quando a escola desenvolveu uma iniciativa do género». Para a aluna, esta comemoração permite «conhecer melhor a história Mundial e saber que também há heróis nacionais». Já Oscar Cabral, também no 9º ano, lamenta «a falha de informação ao nível do Governo», até porque Sousa Mendes «não integra os programas curriculares». Para o próximo ano, estão previstas outras iniciativas do género sobre esta ou outra personalidade esquecida pela História, adiantou José Grilo dos Santos. De resto, hoje é a última oportunidade para ver as exposições sobre Aristides Sousa Mendes.

Patrícia Correia

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