Heinrich Wilhelm Gottfried von Waldeyer foi um anatomista e patologista alemão que ganhou lugar na história por ter introduzido o termo cromossoma para designar os corpos presentes no núcleo das células. Também atribuíram a von Waldeyer a utilização piorneira do termo neurónio para designar a unidade básica do sistema nervoso.
Depois de estudar Ciências na Universidade de Gottingen, von Waldeyer formou-se como médico na Universidade de Berlim. Especializou-se em anatomia e obteve o seu doutoramento em 1861. Um dos seus contributos para a ciência foi a teoria, publicada em 1867, de que o cancro tem origem numa divisão anormal das células (foi até mais longe e disse que a simples deslocação de uma célula cancerígena pode originar outro tumor em qualquer parte do corpo).
No entanto, von Waldeyer é recordado como o fundador da teoria do neurónio. O investigador não só introduziu o termo neurónio para designar a unidade básica do sistema nervoso, mas também, baseando-se no trabalho dos neuroanatomistas que o precederam – o italiano Camillo Golgi e o espanhol Santiago Ramón y Cajal – observou e estudou em pormenor as ramificações das células nervosas e os mecanismos de ligação entre elas. Von Waldeyer recorreu à experiência de tingir um tecido com nitrato de prata para pôr em evidência uma classe específica de células, mais tarde chamada justamente célula de Golgi (o cientista italiano foi o primeiro a aplicar o revolucionário método da reação negra, um dos mais importantes no estudo do sistema nervoso).
O contributo de von Waldeyer para as descobertas de Golgi foi a sua hipótese de que o sistema nervoso é composto por células individuais. Uma vez publicada no “Deutsche Medizinische Wochenschrift”, a teoria de von Waldeyer surpreendeu particularmente Ramón y Cajal, que também antes dele, tinha usado o nitrato de prata para tingir o tecido nervoso e assim observar a estrutura das células nervosas. «Tudo o que Waldeyer fez foi publicar num jornal semanal um resumo da minha investigação e inventar o termo neurónio», declarou na altura Ramón y Cajal.
Trata-se de uma usurpação do trabalho de um colega ou apenas da utilização de ideias já existentes para construir uma ideia mais refinada? Deixo à vossa reflexão…
Por: António Costa