Mito turístico? Prosseguindo o ciclo de conferências intitulado: “Ordenamento do Território e Desenvolvimento Local”, Joaquim Brigas trouxe no passado dia 25 à ESEG o Prof. Catedrático da Universidade de Coimbra Lúcio Cunha. Desta vez o tema foi “Turismo e Desenvolvimento Local”.
O senhor Professor começou por referir algumas estatísticas: Em 1964, havia em Portugal um milhão de turistas; em 1999, esse valor ascendeu a 27 milhões (incluindo os portugueses) e permanece estável até aos dias de hoje. Representa actualmente 6% do emprego e 8% do PIB português.
De seguida, concentrou a sua análise no potencial turístico da Região Centro. Destacou o turismo histórico/arqueológico/arquitectónico (Conimbriga, Batalha, Alcobaça, Coimbra, aldeias históricas); as termas, em especial as de S. Pedro do Sul; Parques e Reservas (Rede Natura 2000); Turismo para desportos radicais; as praias e, claro, a Serra da Estrela. Considera que há ainda muito a fazer, nomeadamente no que se refere à promoção das regiões, o que falha em parte pela falta de coordenação entre as Regiões de Turismo e as Câmaras.
Por mim, uma dúvida: independentemente das falhas na promoção, não se estará a exagerar o potencial turístico da Região Centro e da Região da Serra da Estrela em particular? Eu, pelo menos, não vejo nada de assim tão impressionante e único que possa atrair muito mais turistas, sobretudo se forem estrangeiros, até porque há limites naturais. Convém não delirar.
Eleições europeias. Não sei se repararam mas a campanha começou oficialmente na passada Segunda-feira. Espera-se a maior abstenção de sempre em Portugal.
Porquê? Desde logo porque, como disse Miguel Portas, num momento raro de lucidez, esta campanha é “rasca”. Presumo que este comentário englobe a campanha do Bloco de Esquerda, que é um verdadeiro atentado à inteligência nacional. “Guerra só ao desemprego”, dizem eles. Pois, pois… Só não explicam como. Continuamos a aguardar ansiosamente pelas armas de destruição maciça contra esse flagelo.
Passando uma vista de olhos pelos outros partidos, a desmotivação cresce.
Ilda Figueiredo, cabeça de lista pelo PC, perdão, CDU, afirmou em entrevista ao Expresso que até preferia uma abstenção elevada se isso penalizasse os partidos da direita. Palavras para quê? O PC, perdão, a CDU, deu mais uma bela prova do seu amor pela democracia e pela vontade dos eleitores.
O PS teve a triste ideia de convidar Sousa Franco para cabeça de lista. Esta, convenhamos, não lembrava nem ao diabo. O homem que assinou o Pacto de Estabilidade e Crescimento, comprometendo Portugal a cumprir os famosos 3% de défice, anda agora por aí com a maior cara de pau a criticar a política orçamental do governo, ele que deixou as finanças públicas num estado lamentável. É preciso ter lata.
O PSD repescou nalgum campo de golfe João de Deus Pinheiro, o homem que odiava do fundo da sua alma Durão Barroso. Entretanto, por um processo misterioso, o ódio desapareceu e deu lugar a uma grande admiração pelo trabalho do governo. O poder faz milagres.
Nesta campanha, fala-se sobre várias questões internas: o desemprego, o governo, o défice e blá-blá-blá. Entretanto, com certeza com o objectivo de animar a coisa, trocam-se uns insultos entre os candidatos. Sobre o resto, que é como quem diz, o que é que pensam os senhores (futuros) deputados sobre as consequências para Portugal e para a Europa do alargamento, da aprovação da constituição europeia e outros assuntos menores, diz-se pouco ou nada. Está certo. Não nos querem maçar com matérias supostamente complexas para os nossos pobres miolos. Eu compreendo. De tal forma que nem me vou dar à maçada de ir votar no próximo dia 13.
Por: José Carlos Alexandre