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Relação absolve antigo diretor de Cirurgia do crime de difamação agravada a Paulo Correia

António Ferrão tinha sido condenado ao pagamento de 2.958 euros pelo Tribunal da Guarda por declarações prestadas num depoimento ao Ministério Público

António Ferrão já não vai ter que indemnizar o cirurgião Paulo Correia por difamação agravada. A condenação decidida pelo Tribunal da Guarda foi revogada no início do mês pelo Tribunal da Relação de Coimbra, que absolveu o médico do crime.

No ano passado, o Tribunal da Guarda tinha condenado o ex-diretor do serviço de Cirurgia do Hospital Sousa Martins ao pagamento de 2.958 euros, correspondentes a multa (1.800 euros), indemnização (750 euros) e custas (408 euros), por ter chamado, entre outras considerações, a Paulo Correia «homem de mau carater». O epíteto tinha sido referido num depoimento prestado ao Ministério Público no âmbito de um processo de inquérito em que Paulo Correia era assistente e denunciante a propósito de um abaixo-assinado subscrito por vários cirurgiões daquele serviço. Na altura, António Ferrão declarou que tal documento «visava dizer basta às constantes insinuações, maledicências, falsos testemunhos e a tudo a que um homem de mau caráter pode fazer contra os subscritores de tal requerimento e a instituição/serviço, o que põe em causa a qualidade do exercício da medicina e os utentes/doentes». Para o juiz do Tribunal da Guarda essas afirmações eram «juízos de valores ofensivos da honra e consideração, pessoal e profissional» de Paulo Correia, pelo que condenou António Ferrão pela prática, em autoria material e na forma consumada, de um crime de difamação agravada.

O atual chefe de Cirurgia Geral no Hospital São João, no Porto, discordou e recorreu da sentença, tendo o Tribunal da Relação de Coimbra julgado procedente o recurso interposto. Tudo porque a declaração de António Ferrão contém «apenas formulação de juízos de desvalor e opinativos», não tendo tido eco para além das paredes do tribunal. «Não foi o assistente e demandante enxovalhado nem envergonhado perante toda a “comunidade jurídica” da Guarda», conclui a Relação. Contactado por O INTERIOR, Paulo Correia disse não pretender fazer «qualquer comentário» sobre «um assunto encerrado».

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