A Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) está a “rebentar pelas costuras” financeiramente. Pelo menos é esta a ideia geral que circula na academia, depois dos estudantes terem assistido na última quinta-feira em Assembleia Geral de Alunos (AGA) à demissão da presidente da mesa e à recusa do gestor e contabilista da associação académica em validar o relatório de contas apresentado pela actual direcção por não ter tido acesso aos documentos.
Facto que acontece numa altura em que circulam rumores de que terão desaparecido informações da tesouraria e um livro de recibos, para além de outras situações dúbias. Este é mais um rombo que a AAUBI volta a sofrer no mandato bastante conturbado de Luís Franco, que está prestes a abandonar a “pasta” a favor de uma das listas que hoje disputam a segunda volta para os órgãos sociais da “Casa Azul”. Nuno Costa, líder da lista “C”, e Carlos Garcia Ribeiro, da “R”, vão de novo a votos depois de terem ficado separados por pouco mais de 50 votos. A Lista “C” ganhou a primeira volta com 506 votos para a mesa da AGA, 527 para a direcção e 530 para o Conselho Fiscal, enquanto que a “R” obteve 459 votos para a AGA, 471 para a direcção e 457 para o conselho fiscal. Pelo caminho ficou a lista “U”, liderada pelo aluno de Ciências da Comunicação, Rui Mota. A alegada falta de transparência nas contas da AAUBI e a «irresponsabilidade» da actual direcção, liderada por Luís Franco, foram os motivos que levaram Ana Cruz a demitir-se do cargo. «O que tem sido feito por esta direcção e o que foi dado a conhecer aos colegas não era a realidade», justifica a presidente demissionária da mesa, que acusa os actuais dirigentes de «não terem cumprido os estatutos» da associação.
«Os deveres e as competências, mesmo no que diz respeito aos subsídios atribuídos aos núcleos, nada foi cumprido pela direcção», destaca. «Como presidente da mesa exigi que os estatutos fossem cumpridos e que a direcção assumisse as responsabilidades. Mesmo que quisesse aplicar uma sanção, apenas o poderia fazer através de sugestão da direcção. Estava de pés e mãos atadas», explica, optando assim por abandonar a equipa a uma semana de entregar a pasta ao candidato que vencer a corrida da segunda volta destas eleições. «Temos que mudar alguma coisa, pois a AAUBI não pode estar sujeita a um grupo de pessoas irresponsáveis que a levam para esta situação», adverte, referindo-se essencialmente à desorganização interna e à situação financeira «bastante preocupante» que atravessa a AAUBI. É que o relatório de contas teria que ter sido apresentado a 5 de Maio. Um prazo que a direcção pediu para ser prolongado até ao dia 27 desse mês, contudo, nem assim conseguiu apresentar as contas. «No dia em devia apresentar o relatório provisório, aquilo que trouxeram foram umas “contas de mercearia”», critica Ana Cruz, ficando assim adiada a votação dos documentos para o início do ano lectivo. Uma «herança pesada» para a equipa que assumir os comandos da “casa azul”, pois «não terá conhecimento da realidade financeira» e já perdeu o acesso aos subsídios do IPJ.
Ana Cruz, a mulher que assumiu pela primeira vez os destinos da associação, critica ainda a «postura» da direcção cessante por se tentar «desresponsabilizar» de uma situação de que alegadamente são «culpados». Para o presidente Luís Franco, tudo não passa de «boatos e mentiras». O líder da AAUBI não descarta «algumas responsabilidades e erros», mas garante que a situação financeira não é preocupante, pois há ainda dívidas de terceiros «por cobrar». Ainda assim, Luís Franco refere que o saldo negativo é «inferior ao que me deixaram», se bem que não explicite o passivo.
Liliana Correia