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Regadio da Cova da Beira alargado à zona sul da Gardunha

Extensão será apoiada em 7,5 milhões de euros, no âmbito do Plano Juncker, e vai abranger mais de três mil hectares de área agrícola

O Governo vai estender o Regadio da Cova da Beira à zona sul da Gardunha, fazendo chegar a água a terrenos agrícolas das freguesias de Vale de Prazeres, Atalaia do Campo, Soalheira, Castelo Novo, Orca e Póvoa de Atalaia. O projeto de alargamento será apoiado em 7,5 milhões de euros, no âmbito do Plano Juncker, e visa potenciar a criação de riqueza e valorização de produtos de excelência em freguesias com reduzida densidade populacional.

Numa zona em que a agricultura é a forma de sustento da maioria da população a existência de água é crucial para a produção. Na Orca, uma das aldeias a sul do concelho do Fundão, o foco está direcionado, há mais de 20 anos, para a pastorícia. Segundo o presidente da junta, Marco Marques, «as pessoas optaram por dedicar-se à arte de pastorear por não terem água suficiente para produzir outras culturas». Mesmo assim, há quem se dedique à fruticultura, como é o caso de José Boavida, 66 anos, que persegue o sonho de ver chegar mais água às suas terras. Com cerca de 40 anos de atividade, este agricultor dedica-se à produção de uva e azeitona e confessa que recebeu «com entusiasmo» a notícia do alargamento do regadio. «No mundo agrícola trabalha-se o ano inteiro e estamos sempre dependentes do clima. Numa zona em que há falta de água, por vezes torna-se impossível contornar certas situações», adianta o produtor.

José Boavida, que possui 11 hectares de vinha e cinco de olival, irriga os seus terrenos através de charcas e furos, mas está sempre dependente da chuva. O produtor acredita que a expansão do regadio é «absolutamente vital» para a região: «Só é possível manter as plantas com algum vigor e obter frutos com qualidade através da rega. A água é vida e com o regadio quase tudo se torna possível, vai ser uma ajuda preciosa», sublinha. Também o edil da freguesia considera que a chegada do regadio possibilitará um leque de oportunidades mais alargado, permitindo «outro tipo de culturas e um maior aproveitamento» do solo. «Vai valorizar os terrenos e fazer com que os jovens vejam na agricultura algum potencial. Quando todos nós procuramos promover condições para residir no interior, atitudes como esta são fundamentais. A água é um elemento essencial e vai trazer consigo novas oportunidades», acredita Marco Marques.

O presidente adiantou a O INTERIOR que, com o alargamento do regadio, prevê que venham a existir pequenos projetos agrícolas na fruticultura, sendo que 70 por cento andará na ordem dos seis hectares, «uma área significativa para aquilo que é a realidade na Orca». Neste momento, a falta de água é o maior entrave ao desenvolvimento de novos projetos numa zona de microclima que, em comparação à zona norte da Gardunha, permite antecipar, em cerca de 15 dias a um mês, as colheitas. O projeto do Regadio da Cova da Beira tem décadas de recuos, tendo demorado cerca de meio século a ser executado. Ainda assim, os presidentes de junta e produtores agrícolas da região têm esperança na celeridade da obra. Considerado o segundo maior aproveitamento hidroagrícola do país, a seguir ao Alqueva, o regadio veio beneficiar, sobretudo, três culturas dominantes na região: pomares, milho e prados. A candidatura do projeto de alargamento foi feita pela autarquia do Fundão, com o apoio da Direção Geral do Desenvolvimento Rural e da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC).

Com a extensão, o regadio beneficiará um total de 35 freguesias e cerca de 15 mil hectares de terrenos agrícolas

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