P-A cereja pode ser mais do que um simples fruto. Foi isso que pretenderam mostrar com este festival gastronómico?
R-A cereja é um fruto, mas é um fruto que tem potencialidades. A nossa região é muito rica em cereja, o que permite utilizá-la das maneiras mais diversas. Mas mais do que falar da cereja é preciso falar das pessoas. A cereja é uma bênção, mas a imaginação e criatividade das pessoas é uma bênção em duplicado porque podem fazer da cereja, ou de qualquer outro elemento da natureza, as coisas mais maravilhosas que se podem imaginar e que tivemos a oportunidade de provar neste festival.
P-Que balanço faz da quarta edição do festival?
R-Acho que é um balanço muito positivo. Atingimos um estádio muito elevado em relação aos anteriores porque conseguimos um maior número de escolas e representações de quatro países estrangeiros, para além de Portugal. Sem modéstias, conseguimos reunir aqui opiniões tão diversas que atingem um volume tão grande que poderíamos dizer que chegamos ao topo. É claro que em hotelaria, e principalmente feita por alunos, nunca se chega ao topo porque há sempre mais alguma coisa a descobrir. O que estes jovens estão a fazer é um treino para a sua formação profissional. Quando vierem a ser profissionais, de certeza que vão fazer muito mais. Portanto, penso que atingimos um estádio intermédio daquilo que vamos conseguir daqui a alguns anos com as potencialidades que estes jovens têm. Não desmerecendo o que fizemos este ano, pensamos dar mais um passo no próximo.
P-E o que pretendem fazer na próxima edição?
R-Será a réplica do que fizemos este ano, mas sem os defeitos que existiram neste. Não os vou enumerar nem os conheço todos, mas de certeza que quem trabalhou na cozinha encontrou pormenores que se têm que corrigir no próximo ano. Pretendemos também alargar esta acção a outras escolas e temos já a disponibilidade da escola finlandesa para vir à próxima edição. Para o ano, vamos fazer um novo festival da cereja que será quase em tudo igual a este, acrescentando a criatividade dos participantes do próximo ano.
P-Acha então que este festival já ganhou notoriedade e que a cereja da Gardunha é já um marco internacional?
R-Tenho que me render à evidência de que a cereja é reconhecida muito antes do festival. A cereja da Gardunha tem uma notoriedade imensa há já muitos anos. Este festival veio sublinhar essa notoriedade e que a cereja pode ser aproveitada para tantas outras coisas, como as que já vimos aqui e outras que podemos vir a produzir. E isso é o nosso contributo para o desenvolvimento da região, da cereja e das pessoas.
P-É necessário mais apoio para a formação profissional?
R-É preciso sempre todo o apoio, principalmente quando o desenvolvimento da formação profissional passa pela nossa vontade de crescer. Para isso, precisamos de pedir os apoios que em todo o momento necessitamos. Naturalmente que todos os meses pedimos os apoios necessários, mas a formação profissional não acaba se o apoio se mantiver. Temos é que procurar que nos seja dada a possibilidade de crescermos sempre mais um pouco.
P-Que projectos pretende levar a cabo na Escola Profissional do Fundão?
R-Queremos que seja uma escola que sirva todos os jovens da região e que nos permita no futuro fazer não só experiências na área da hotelaria, mas nas outras áreas também, como sejam a construção civil, o comércio e a mecânica de gás. Queremos dar passos noutras formações e fazê-las de acordo com as necessidades da região. O que perspectivo para a Escola Profissional do Fundão é que tenhamos as condições e a dedicação total para crescermos e desenvolver a região. A perspectiva é só essa: a de acompanhar e de participar no desenvolvimento da região em que acreditamos.