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Universidade em Viseu sem adversários na Guarda

Políticos garantem que cidade não perde «absolutamente nada» com decisão

A criação de uma universidade pública em Viseu não tem grandes adversários na Guarda. Pelos menos os políticos aceitam essa realidade sem grandes incómodos e até são unânimes em dizer que a cidade «não perde absolutamente nada» com essa decisão governamental. Contra só mesmo o reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), Santos Silva, acompanhado do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP).

Para Álvaro Guerreiro, esta é uma decisão do Governo que surge «contra o parecer» do CRUP e que «privilegia Viseu mais uma vez». No entanto, o presidente da Câmara da Guarda em exercício prefere apontar o dedo aos deputados eleitos pelo distrito «para saber o que fizeram para que a Guarda tivesse uma universidade» em vez de se lamentar ou reclamar uma instituição do género «só porque o vizinho do lado já tem». O autarca recorda a propósito que o município já manifestou «há muito tempo» a sua posição sobre a universidade na Guarda e tem defendido uma «posição articulada e estratégica» no ensino superior nacional. «Contudo, é ao Governo que compete essa definição e não às autarquias». Recorde-se que o executivo guardense aprovou em Maio do ano passado uma moção que também reclamava a criação na cidade de uma universidade pública. Na altura, Maria do Carmo Borges invocou as promessas de Durão Barroso relativamente a Bragança e Viseu e sustentou que o pedido estaria legitimado se ambas viessem a concretizar-se. A primeira vai tornar-se realidade dentro em breve. Por sua vez, Ana Manso, líder da distrital do PSD da Guarda e vereadora da autarquia, considera que esta decisão fica a dever-se à «forte liderança e estratégia» de Viseu e de Fernando Ruas «nesta e noutras matérias». Em contrapartida, a Guarda «nunca foi pensada com estratégia e a longo prazo», lamenta, pelo que sublinha que a cidade «só tem a ganhar» com a escolha de Viseu onde a futura universidade tecnológica anunciada na segunda-feira vai contribuir para «reforçar o interior».

Menos contemplativos parecem estar os responsáveis do ensino superior. Santos Silva, reitor da UBI, é o primeiro a não perceber esta decisão: «Não faz sentido nenhum criar mais uma instituição de ensino superior em Viseu», defende, acrescentando que o Estado deveria preocupar-se em consolidar as «três instituições credíveis» ali existentes. Recorda, de resto, que a cidade já tem uma presença «significativa» de ensino superior, como o comprovam os mais de onze mil estudantes que frequentam os cursos do Politécnico, do Instituto Piaget e do pólo da Universidade Católica. Um cenário em risco tendo em conta a constante diminuição do número de candidatos a ingressar no ensino superior, mas também os recorrentes cortes no financiamento superior público, para além da proximidade da futura universidade com Coimbra, de que dista menos de cem quilómetros, «invalidar a necessidade» de mais instituição pública. «Este anúncio corrobora a certeza de que a sua criação advém de uma promessa antiga», refere Santos Silva. Também os conselhos de Reitores das Universidades Portuguesas e Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, que não foram consultados, defendem «não haver, neste momento, nenhuma justificação para mais uma instituição de ensino superior, pública ou privada».

Luis Martins

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