A Covilhã esteve em festa no passado dia 20, data em que a cidade comemorou 146 anos. Por coincidência, no mesmo dia assinalaram-se três anos de mandato do socialista Vítor Pereira que aproveitou aa sessão solene da Assembleia Municipal para balanços e lembrar o que tem sido o seu percurso. Mas a oposição não perdoou e respondeu com críticas.
Marco Gabriel (CDU) considerou que a «falta de planeamento estratégico, de definir prioridades de atuação, planeamento financeiro e reestruturação da dívida» têm sido a marca do atual executivo. O deputado comunista prosseguiu dizendo que «faltou proatividade na relação com as instituições, lançando as bases da discussão coletiva de programas e políticas de educação, cultura, recreio, habitação e outras e perdemo-nos numa imensidão de discussões individuais sobre como apagar fogos desta ou daquela entidade». Pelo PSD, João Nuno Serra lembrou as principais promessas do PS em campanha eleitoral, como a diminuição do preço da água, a construção da nova barragem, o apoio às freguesias, a captação de novas empresas e postos de trabalho, a manutenção de estradas e a concretização de novos postos de trabalho no Data Center da PT ao abrigo de regalias concedidas à empresa. Mas, na sua opinião, a Câmara «continua à deriva num mar navegável, mas cujo engenho e arte para colocar a Covilhã na rota do desenvolvimento, planeando, fazendo, controlando e avaliando não são condições nem atributos que parecem estar ao alcance de todos».
Falando do executivo como «uma Câmara “nem nem”», o deputado acrescentou que falta planear o futuro, pois «a liderança regional não mora aqui; perdemo-la e quer se queira quer não isso também influencia a nossa capacidade de captar investimento», sublinhou. Por sua vez, José Horta, do Movimento “Acreditar Covilhã”, referiu «um conjunto de opções erradas que o atual executivo seguiu», caso da mudança da CIM para a Guarda e da «fuga de empregos e investimentos» para concelhos vizinhos. «Mais do que criticar é não compreender toda a situação que envolveu a muito polémica decisão da Parq C, que um dia a história se encarregará de nos trazer toda a verdade», disse o deputado, para quem é de «ficar perplexo com a aprovação da nona retificação ao orçamento deste ano, o que demonstra a dificuldade que este executivo tem em gerir financeiramente a cidade».
O contra-ataque do PS chegou pela voz de Hélio Fazendeiro, que garantiu não existir «nenhuma obsessão com a pesada herança» deixada por Carlos Pinto. «Não podemos voltar a ter uma Câmara endividada a 300 por cento, em risco de entrar em saneamento financeiro, e com isso onerar os cidadãos, em especial as gerações vindouras, e hipotecando o nosso futuro coletivo», afirmou o deputado. O socialista ripostou às críticas dizendo que «alguns contorcem-se nos seus lugares nesta assembleia porque sabem que, por omissão ou por intervenção direta, tiveram responsabilidade nesse desgoverno e não se coíbem de vir agora com um discurso de inverdades e julgando que com isso conseguem ludibriar os covilhanenses».
Vítor Pereira confiante na reeleição
Na mesma sessão, Vítor Pereira fez um breve exame aos três anos de governação, ao mesmo tempo que lembrou as dificuldades financeiras, que «foram e são o principal entrave à nossa ação». Nesse sentido, o autarca avisou que esses problemas vão permanecer «até meados de 2018».
O presidente adiantou ainda a estratégia, que consiste em «abater anualmente cerca de 8,5 milhões de euros à divida municipal e continuar a dar resposta» às necessidades dos covilhanenses. Apesar disso, Vítor Pereira acredita que vai continuar a receber a confiança dos eleitores e espera «ser reeleito» no próximo ano. «São sobretudo os grandes projetos de desenvolvimento e de futuro para a nossa terra que me motivam e absorvem a minha energia enquanto Presidente de Câmara», assumiu. As obras «do passado», terminadas já no seu mandato, também foram evocadas, mas para mostrar que esse não foi o seu único trabalho e que tem pela frente novos projetos «estruturantes para o futuro», como a requalificação do Teatro Municipal, do edifício do antigo liceu e da antiga esquadra da PSP ao abrigo do plano estratégico de desenvolvimento urbano.
No âmbito da educação, o autarca falou das obras, que vão arrancar em breve, em escolas básicas e jardins-de-infância, num investimento de 600 mil euros, e na escola Frei Heitor Pinto, numa intervenção que vai ultrapassar os 2,8 milhões de euros. Já do plano de mobilidade Vítor Pereira, lembrou os «esforços» que têm sido feitos e garante «continuar a reivindicar» a requalificação da linha da Beira Baixa até à Guarda e que, «paralelamente à ferrovia e onde tecnicamente e em termos de segurança seja possível, uma ciclovia de BTT que valorize turisticamente este ativo regional que agora vai ser requalificado e que atravessa paisagens belíssimas». O edil destacou ainda a requalificação da central de camionagem.
O edil covilhanense falou ainda do Jardim das Artes, resultado de um investimento da ordem do milhão de euros, e anunciou que no próximo orçamento municipal vai constar «uma dotação para assegurar a realização do Wool – Festival de Arte Urbana em 2017».
Ana Eugénia Inácio