O primeiro-ministro, José Manuel Durão Barroso, anunciou segunda-feira a criação de uma universidade pública em Viseu, cumprindo um dos seus compromissos eleitorais. O anúncio foi feito numa sessão solene na Câmara Municipal, suscitando aplausos de uma sala repleta de assistentes que já estavam na expectativa de ouvir aquele anúncio. O chefe do Executivo explicou depois aos jornalistas que, nessa manhã, o Conselho de Ministros tinha aprovado a constituição de um grupo de trabalho, presidido pelo antigo ministro da Educação Veiga Simão, para proceder até 30 de Setembro a «uma reflexão sobre o reordenamento» da rede do ensino superior em Portugal e propor um modelo.
«Mas, estudos técnicos e consultas já efectuados permitem-nos concluir pela vantagem da criação de uma universidade pública em Viseu», sublinhou Durão Barroso, acrescentando que esta será uma universidade tecnológica «muito avançada, ligada a instituições estrangeiras de grande nível». Desta forma, o primeiro-ministro considera que será feita «justiça a esta cidade e a esta região, que teve um crescimento notável ao longo dos últimos anos, mas a quem falta dar aquele salto qualitativo que só a qualificação aprofundada dos seus cidadãos permite». Lembrou a esse propósito que Viseu seria a única Grande Área Metropolitana do país que não teria universidade pública. «Viseu há muito que merece uma universidade pública, que possa aproveitar o investimento já feito no seu Instituto Politécnico, que é excelente, e em parceria com outras instituições da região, nomeadamente as empresas», afirmou o primeiro-ministro, citado pela agência Lusa. Na sua opinião, com esta decisão a cidade de Viriato poderá ter uma universidade que será «um paradigma do ensino superior que o Governo quer em Portugal, mais virado para as tecnologias, inovação, investimento e qualidade».
Como não podia deixar de ser, este anúncio deixou Fernando Ruas radiante, para quem Viseu viveu um «dia histórico» após 14 anos de reivindicações. O autarca local congratulou-se por o Governo não ter «arrastado para a parte final do mandato» o cumprimento de uma promessa eleitoral feita por Durão Barroso. «Tem sido sempre esse o grande problema dos anúncios da universidade pública em Viseu e depois não são cumpridos», recordou, considerando que, a avaliar pelo que o primeiro-ministro disse sobre o projecto, a universidade pública não colocará «em risco» as restantes instituições de ensino superior existentes na cidade, nomeadamente o Instituto Politécnico, a Universidade Católica Portuguesa e o Instituto Piaget. «Se se conciliarem todos os interesses em causa, como a universidade pública pretende conciliar, não há razão nenhuma para isso, antes pelo contrário, há-de haver aqui sinergias que vão ser aproveitadas», espera. Já Veiga Simão disse que Viseu merece «sem dúvida» uma universidade pública, prometendo que o grupo a que vai presidir trabalhará «na sua organização com estudo e engenho», para que, «acima de tudo, seja uma universidade inovadora, com ideias novas, no sentido de inovação e desempenho, por forma a que incida não só sobre o desenvolvimento regional, mas também seja uma voz a nível nacional e europeu».