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«Sinto que os temas deste CD são úteis, que foi bom partilhá-los»

Cara a Cara – Rogério Cardoso Pires

P – Como surgiu a oportunidade de gravar um álbum a solo?

R – Tenho o prazer e a honra de fazer parte da banda de José Medeiros, um colosso no panorama artístico português. Também com o criativo e elegante João Afonso, com quem tenho um duo de nome Buganvília. Desde há muito que o primeiro me diz, me repete: “Tens de gravar os temas, Rogério!. São tão bonitos!!” Fui ouvindo… e dado o respeito estético que tenho por este senhor fui pensando… Também o João Afonso me tem dito com ênfase, durante um também já longo tempo, que deveria gravar os meus bonitos temas. E foi este o personagem decisivo para a gravação deste disco. Do género: É hoje! Levou-me ao estúdio de um amigo dele e ficou logo ali combinado que esperaríamos por um tempo oportuno.

P – Este era um passo necessário na sua carreira de músico?

R – Não é um passo absolutamente necessário gravar um disco. Acabo por me considerar músico porque ganho o meu sustento através da música, mas, mesmo assim, é relativo… Seja como for, poderia não ter gravado disco algum.

P – O que se pode ouvir neste trabalho? Qual foi o fio condutor?

R – Não existe um fio condutor, pelo menos consciente. São temas que foram surgindo, mais ou menos espontaneamente por razões diversas. Um acontecimento, um toque emocional, a compreensão de algo fundo, a morte ou o nascimento de alguém… Três dos 15 temas do disco surgiram aquando do nascimento de filhos de amigos. Mas o decorrer do disco tem algum sentido, espero.

P – Amanhã toca no TMG, depois de ter estreado “Bagatelas” em Pinhel, a sua terra natal – duas cidades que estão sempre no seu percurso –, tem mais espetáculos agendados? Qual tem sido o “feedback”?

R – A resposta tem sido muito boa. Como disse, não tencionava gravar nenhum disco, mas tenho um disco em meu nome… E fico surpreendido por ficar contente por várias pessoas gostarem bastante do “Bagatelas”. Há vários amigos ou outras pessoas que dizem gostar muito de ter o disco em casa ou no automóvel. Dizem que lhes sabe bem ouvir. Isso é uma belíssima sensação, sinto que estes pequenos temas são úteis, que foi bom partilhá-los. E sim, vou continuar a gravar, temas não faltam. Foi muito bom ter apresentado o CD em Pinhel. Tive muitos familiares lá e amigos de Pinhel, da Guarda, de Lisboa… E sublinhe-se que o presidente da Câmara estava discretamente presente, ouvindo com a família e me ofereceu a medalha da cidade num discurso surpreendentemente curto. Impecável! Como sou natural de Pinhel decidiram apoiar a edição do CD, o que agradeço. Mas não podia deixar de o apresentar na Guarda. Sou um rapaz do Bairro da Caixa e tenho como lugar mais natural para mim, no planeta, o castelo, a 1.056 metros de altitude… Gostava que aparecessem colegas da escola primária, do ciclo e do liceu. E outros amigos.

P – Que outros projetos tem em perspetiva?

R – O projeto a levar a cabo mais imediatamente é publicar um livro chamado “Historietas de Martim Afonso”, com edição da Associação Cultural Calafrio, da Guarda, a que pertenço com muito prazer e honra. Poderia fazê-lo em Lisboa, mas quero fazê-lo cá, no granito. Quero ainda escrever um livro que pretendo chamar “Coisas Boas”. Está a custar-me porque, em grande medida, são pensamentos, episódios em primeira mão… A ideia é falar das coisas.

Perfil:

Naturalidade: Pinhel

Idade: 56 anos

Profissão: professor acompanhador de aulas de dança no Conservatório Nacional de Lisboa

Currículo: Curso de viola dedilhada do Conservatório Nacional, licenciatura em Filosofia pela Faculdade de Letras de Lisboa, experiência variada em performances englobando música improvisada, música e poesia improvisada, música e dança improvisada, música e poesia. Membro fundador do trio de Guitarras Tactus, recitais a solo e concertos com José Medeiros, João Afonso, Michel e Mick Trovoada (Grupo Normal). Participação no filme “Alto Bairro”, de Rui Simões

Livro preferido: “Rei Lear”, de Shakespeare, ou “Crime e Castigo”, de Dostoiesvsky

Filme preferido: “Morangos Silvestres”, de Ingmar Bergman

Hobbies: Caminhada por serras e vales, ténis

Rogério Cardoso Pires

Sobre o autor

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