Arquivo

Adega de Foz Côa armazena mais 120 mil garrafas de vinho no Côa

Desde 2001 já foram vendidas 200 mil garrafas de “Vale Sagrado”, resultante da primeira experiência de envelhecimento no rio

Depois do sucesso mediático e comercial da primeira experiência, a Adega Cooperativa de Vila Nova de Foz Côa vai voltar a armazenar 120 mil garrafas de vinho (colheita de 2003) no leito do rio Côa, a 20 metros de profundidade. A operação visa o envelhecimento do néctar recorrendo ao mesmo método usado com o “Vale Sagrado”, que esteve debaixo de água devidamente acondicionado em garrafas especiais e com rolhas apropriadas em contentores durante dois anos.

O resultado excedeu as melhores expectativas dos responsáveis da cooperativa, já que foram vendidas 200 mil garrafas daquele vinho tinto, produzido a partir da casta Touriga Nacional e com categoria de reserva, desde 2001. Este processo de envelhecimento inédito foi especialmente apreciado nos Estados Unidos e no Canadá, país de origem da multinacional que adquiriu a quase totalidade desta “colheita” e foi responsável pela sua distribuição mundial, e tem também despertado a curiosidade de muitas universidades e enólogos, da Califórnia a Bordéus. A experiência de Foz Côa, iniciada com a colheita de 1997, mergulhada no Côa em 1998, inspirou-se no cruzamento de notícias sobre o bom estado de conservação do vinho encontrado em navios afundados, nomeadamente no Titanic, o sucesso do “vinho dos mortos”, enterrado durante dois anos em Boticas, e o próprio processo de envelhecimento do vinho do Porto. Em termos comerciais, a inovação revelou-se compensadora tendo a cooperativa encaixado de imediato mais de um milhão de euros com a venda das primeiras 60 mil garrafas depositadas no Côa. As poucas que sobraram têm sido vendidas ao público a 50 euros por garrafa. O vinho foi baptizado com a denominação de “Vale Sagrado”, em homenagem ao património da arte rupestre no Côa, e o seu rótulo consiste numa ninfa a retirar uma garrafa do fundo do rio e a oferecê-la a Baco (Deus do vinho), cena envolvida num vale repleto de gravuras rupestres.

Sobre o autor

Leave a Reply