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Sócrates acusa Marcelo de «tomar parte» no processo “Operação Marquês”

O ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates acusou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de ter dado um sinal político de apoio ao departamento responsável pela investigação da “Operação Marquês” ao visitar a instituição.

«Ao visitar o DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal) uma semana antes daquilo que – já se estava mesmo a ver que era mais um adiamento (do prazo para a conclusão do inquérito da “Operação Marquês”) o Presidente da República decidiu tomar parte», afirmou Sócrates numa entrevista à estação de rádio TSF.

«Fez um sinal político que não me escapou. De quem entre aqueles que abusam do poder – como é o caso do Ministério Público – o Presidente da República decidiu assim, do ponto de vista simbólico, visitar o DCIAP para sinalizar que está do lado de uma instituição contra o indivíduo», sustentou o ex-primeiro-ministro socialista.

Na mesma entrevista, Sócrates refere que o Presidente da República «não foi eleito pelas instituições» e que «deve compreender» que o principal dever de um chefe de Estado de uma República democrática é para com os direitos dos cidadãos. No dia 7 de setembro, ao visitar o DCIAP, o Presidente da República, afirmava estar «muito empenhado» no funcionamento da investigação criminal.

Na altura da visita, Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou pronunciar-se sobre questões concretas quando foi questionado pelos jornalistas sobre o facto de decorrerem no DCIAP casos como o do ex-primeiro-ministro José Sócrates ou do ex-presidente do BES Ricardo Salgado. «Eu só vim aqui dizer uma coisa: que é por um lado ouvir, ver as condições a trabalho e dar o estímulo ou dar o apoio do Presidente da República no sentido daquilo que os portugueses desejam, que é que seja realizada justiça e que ela aqui comece por uma unidade de investigação muito especializada da criminalidade muito complicada, mas que por isso mesmo preocupa os portugueses», explicou.

Entretanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que concedeu mais 180 dias (seis meses) para a «realização de todas as diligências de investigação consideradas imprescindíveis» na “Operação Marquês”. Os advogados de José Sócrates já consideraram a decisão «ilegal, abusiva e arbitrária».

A “Operação Marquês” conta com 18 arguidos, incluindo José Sócrates, que esteve preso preventivamente mais de nove meses, e que está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito.

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