A caminho do Euro 2004. À primeira vista, o Euro é uma oportunidade única para dar a conhecer ao mundo as maravilhas da nossa cidade. Álvaro Guerreiro, o homem responsável pela divulgação da cidade além-fronteiras, está muito confiante no sucesso de uns desdobráveis, pagos em parte pelos restaurantes, hotéis e residênciais cá do burgo (cada um contribuiu com 50 euros). A ideia é distribuí-los em estações de serviço em Espanha. Na opinião do senhor vereador estes vão permitir aos turistas ficar a conhecer “a melhor táctica” para “jogar ao ataque na Guarda” (O Interior, 29/04/2004). Que bela metáfora futebolística. Sim senhor! Infelizmente este paleio não convence ninguém. Suponhamos que os ditos desdobráveis vão, de facto, parar às mãos de algumas dúzias de turistas. E depois? Chegados à Guarda, o que é que eles têm para ver? As obras do Polis, que deveriam estar acabadas nessa altura, estarão, no caso da Praça Velha, a começar(?). É um azar dos diabos! Bem, em bom rigor, a palavra exacta não é azar. Adivinhem lá qual é.
Moral da história: a Guarda vai ser, uma vez mais, apanhada em fora-de-jogo.
Qualidade de vida comparada (II). “Era bom que todos os eleitores das nossas principais cidades pudessem ir a Barcelona ou Amsterdão para perceberem o quanto têm sido mal governados e o quanto têm sido roubados no seu direito a uma vida urbana totalmente diferente e melhor” (Miguel Sousa Tavares, Público, 30/04/04). Completamente de acordo. Aliás, nem vejo outra solução para nós portugueses curarmos o nosso incurável provincianismo. Quando oiço alguém dizer que a Guarda até é uma cidade muita bonita, penso logo: coitado, mais um que nunca viu nada – a menos, claro, que se trate de algum político demagogo.
Para começar, como escrevi há 15 dias, já não era nada mau se os guardenses visitassem cidades como Bragança ou Vila Real e verificassem as diferenças. Ainda assim, o choque não é tão grande.
Alargamento. Mais dez. Depois de 1 de Maio, a União Europeia passou a ser constituída por 25 países e a ter 455 milhões de habitantes. Tirando Chipre e Malta, são todos ex-comunistas. É bom? É mau? Depende da perspectiva. Uma coisa é certa: para a Alemanha é óptimo. Consegue obter com a integração económica o que antes não tinha conseguido com a guerra. Presumo que, especialmente, os empresários e os políticos alemães estejam eufóricos. Finalmente, e numa época em que a Alemanha está mergulhada numa profunda crise estrutural, alcançaram o seu desejado “espaço vital”. Definitivamente, a Alemanha vai virar-se para Leste. Não admira que os países ex-comunistas se tenham posto do lado dos Estados Unidos na questão do Iraque. Estão escaldados por séculos de opressão e, pelo sim pelo não, convém sempre contar com o amigo americano.
Basicamente, o alargamento parece-me positivo. A “velha Europa” vive agarrada a esclerosados e ultrapassados “modelos sociais” que os governos não conseguem reformar por temerem perder as eleições. Os impostos são demasiadamente elevados. O desemprego não pára de crescer. Bruxelas intervém demasiado na vida das pessoas. Ora, nestes países, há uma vitalidade e uma desconfiança enorme em relação a poderes centrais (não esquecer a União Soviética), e uma aguda consciência nacional, o que pode ajudar a revitalizar e a rejuvenescer o resto dos países Europeus. Bem-vindos.
Por: José Carlos Alexandre