As previsões de Bruxelas apontam para que Portugal consiga ficar abaixo da linha vermelha do défice excessivo. Contudo, a Comissão Europeia continua mais pessimista do que o Governo. Os números de Mário Centeno apontam para um défice nominal de 2,2 por cento do PIB este ano, mas Bruxelas fala em 2,7 por cento. A diferença de cálculos mantém-se, também, para 2017. O Governo prevê um défice de 1,4 por cento do PIB, enquanto os técnicos europeus dizem que será maior e chegará aos 2,3 por cento do PIB no próximo ano.
A Comissão avisa que há riscos significativos e mostra-se preocupada com a deterioração do défice estrutural, excluindo os efeitos do ciclo económico e medidas extraordinárias. Segundo as previsões divulgadas hoje, este parâmetro deverá aumentar duas décimas este ano e mais três no próximo. Para Bruxelas, isto deve-se à falta de medidas de consolidação orçamental e mostra-se preocupada com «uma potencial falta de acordo» nesta área em 2016 e 2017.
Também o crescimento económico é revisto em baixa em relação às previsões de fevereiro. Passa de 1,6 por cento para 1,5 por cento este ano, e de 1,8 por cento para 1,7 por cento no próximo. Estes valores estão abaixo das previsões do Governo, que conta com um crescimento do PIB de 1,8 por cento nos dois anos.
Outros riscos dizem respeito à desaceleração da retoma económica e do investimento e com possíveis derrapagens na despesa. Segundo o documento, «o consumo privado deverá perder o ímpeto em 2016 e 2017 devido ao aumento dos impostos indiretos e dos preços de energia». Quanto ao desemprego, as previsões de Primavera apontam para 11,6 por cento este ano e desça para 10,7 por cento no próximo.