A dívida do grupo Câmara da Guarda baixou 7,8 milhões de euros em 2015, revela o relatório de contas aprovado anteontem, por maioria, pelo executivo. Na reunião, Álvaro Amaro considerou que o documento transmite «confiança e consolidação orçamental», mas o PS votou contra sustentando que «a estratégia governativa da maioria PSD/CDS-PP assentou exclusivamente no aumento de impostos municipais».
A análise das contas do ano passado foi o assunto dominante da última sessão de Câmara do mês, três dias antes da Assembleia Municipal de amanhã. O presidente a autarquia destacou três indicadores «muito objetivos». O primeiro foi a execução orçamental ter sido da ordem dos 85 por cento na despesa e de 90 por cento na receita. «Este desempenho deve-se a uma gestão atenta e acompanhada no dia-a-dia», disse Álvaro Amaro, que revelou depois que a dívida do perímetro municipal baixou 7,8 milhões de euros em 2015. Já o prazo médio de pagamento era de 56 dias no final de dezembro do ano transato. «Reduzimos 150 dias desde o início do mandato», sublinhou o edil, para quem estes indicadores refletem «a estabilidade e consolidação financeira da Câmara e dão uma perspetiva de esperança».
Como seria de esperar, o socialista Joaquim Carreira divergiu na leitura do relatório e contas realçando o «aumento substancial» de todos os impostos municipais, nomeadamente do IMI, que teve «a subida mais expressiva, de 22 por cento, o que se traduziu em mais 7 milhões de euros de receitas» em 2015. «Assim é fácil governar», criticou o vereador da oposição, que, pelas suas contas, apurou um aumento de 8 milhões de euros da despesa relativamente a 2014, quando foi de 28 milhões de euros. Joaquim Carreira destacou outros indicadores, como o crescimento da despesa com pessoal para 9,6 milhões de euros (9,3 milhões no ano anterior) e dos pagamentos a empreiteiros, que eram da ordem dos 2,6 milhões em 2013, ainda com o PS na Câmara, e foram de 7,5 milhões em 2015. «O PS não fez uma governação gastadora. Este executivo é que gasta num período que poderia ser de contenção comportando-se como se fosse uma autarquia pouco endividada», afirmou o vereador.
O socialista acrescentou mais dados, como o crescimento da despesa de funcionamento do gabinete da presidência do município, que custou 976.963 mil euros em 2015, «mais 754 mil euros que no ano anterior», estranhou. Na resposta, Álvaro Amaro declarou que esta postura significa que «o PS está a tentar ver onde é possível criticar as contas» e sugeriu à oposição que «estude melhor» o documento até à Assembleia Municipal de amanhã. «As despesas sobem e ainda bem, nomeadamente se as pagarmos, é sinal que estamos a investir», acrescentou o autarca, revelando que a despesa com empreiteiros cresceu porque «pagámos as vossas dívidas». Carlos Chaves Monteiro também tomou a palavra para confirmar que «a despesa aumenta, mas não há um euro de dívida criado por este executivo».
Luis Martins