Arquivo

Procurar uma saída

Editorial

1. Há quem pense que é uma moda, mas não é, é o futuro! De um momento para o outro andamos todos a falar de startups. Bom, todos não, que no interior (ou nos territórios de baixa densidade) os políticos (os presidentes de câmara, os vereadores e os acólitos do partido) continuam a falar do mesmo de sempre. Mas em Lisboa, e no Porto, ou em Braga ou Aveiro… o outro país, o do litoral, do investimento público e privado, onde há pessoas, vontades e muitas ideias, as startup são a realidade a olhar para o futuro. São muito mais do que um devaneio de uns criativos ou empreendedores, mas também são devaneios; são muito mais do que a “força de intervenção” das universidades, mas também são o resultado de uma nova postura universitária, que investiga, investe e arrisca. São a capacidade de conceção de projetos e produtos, de conceber e construir, de gerar trabalho e riqueza. E quando falo de tudo isto, não é só de startups que falo, é essencialmente de talento.

Podia ser mais uma moda, que as redes sociais pulverizaram e a comunicação social sobrevalorizou, mas passada a primeira avalanche de startups e analisados os resultados e o crescimento, conclui-se que é um caminho imenso de desenvolvimento e emprego. Por isso, ou por tudo isto, muito mais importante do que falar de pavilhões multiusos (que sim, há muito que deviam ter sido construídos onde porventura poderiam ser precisos, como na Guarda) era urgente que no interior se promovessem incubadoras de empresas.

2. Entre a UBI e o IPG há todo um mundo de conhecimento e investigação que deve ser aproveitado e potencializado. E há todo um universo de jovens originários da região, que partiram para outras paragens e integram projetos, equipas de trabalho em startups e centros de inovação, que poderiam gerar imensa riqueza, aqui, onde fazem falta, mas não têm condições, não têm apoios, não têm lugar… Após a venda das instalações da antiga Fábrica Renault (e onde funcionou a Reicab e depois a Delphi) escrevi aqui que deveria ter sido a Câmara da Guarda a adquirir aquele parque industrial e a transformá-lo em parque tecnológico com um centro de negócios e uma incubadora de empresas. Infelizmente não foi isso que sucedeu. As instalações continuam a apodrecer à espera de um qualquer milagre. E perdeu-se uma oportunidade de ter um espaço para potenciar ideias e projetos, para jovens altamente qualificados, para chamar verdadeiros empreendedores, dos que se acotovelam em Lisboa, e que talvez pudessem mudar o mundo, pelo menos o mundo da Guarda.

“Chamar” a UBI, o IPG e outras instituições de conhecimento que possam querer ser parte de um grande projeto regional devia ser o grande desiderato da região; promover uma incubadora e apoiar startups de jovens empreendedores que estão a investigar e sonham em partir deve ser a grande missão da CIM e demais responsáveis regionais. É urgente começar, e as pequenas oportunidades são muitas vezes o começo de grandes empreendimentos, como nos ensinou Demóstenes.

Luis Baptista-Martins

Sobre o autor

Leave a Reply