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Câmara da Guarda coloca antigo matadouro no mercado

Concurso público destina-se à reabilitação, ampliação, exploração e gestão de uma área destinada a comércio e serviços

Já foi matadouro e local de um dos maiores logros de que a cidade tem memória, quando em 2008 o executivo de Joaquim Valente prometeu alojar ali os comerciantes do mercado municipal por causa das obras do Guarda Mall. Nada disso aconteceu, mas, para memória futura, ficou a pintura dos edifícios do antigo matadouro da Guarda, encerrado no início da década de 90 do século passado. O espaço, no Bairro da Luz, volta agora à ordem do dia porque a Câmara decidiu abrir um concurso público para a alienação do direito de superfície por um período mínimo de 10 anos e máximo de 25.

A deliberação foi aprovada por unanimidade na última reunião do executivo, realizada segunda-feira no Alvendre. O objetivo do procedimento visa a reabilitação, ampliação, exploração e gestão do espaço do antigo matadouro, cujo uso definido em PDM destina-se a comércio e serviços. O terreno e edifícios ali existentes são património da autarquia e foram avaliados em 288.463 euros, sendo que o vencedor do concurso vai pagar uma renda calculada em um por cento desse valor no primeiro ano, ou seja, 244 euros mensais. «Há um interessado, esperemos que a abertura deste procedimento faça aparecer mais investidores», disse Álvaro Amaro durante a reunião de Câmara. O presidente adiantou que a prioridade da autarquia «é atrair investimento e a criação de uma dezena de postos de trabalho» e não «captar receitas dos investidores que queiram vir para a Guarda».

Isto porque o vereador socialista Joaquim Carreira, que concorda com a opção, sugeriu a venda do edifício porque a renda a pagar vai ser «demasiado baixa face à área do terreno em causa». Álvaro Amaro concordou que é «muito baixa», mas acrescentou que «vale muito mais recuperar aquela zona, instalar comércio e criar postos de trabalho». De resto, recordou que o município vai passar a cobrar IMI quando o investimento estiver pronto. Nesta reunião, o executivo aprovou por maioria, com a abstenção dos eleitos do PS, a contração de um empréstimo a médio/longo prazo de 19,3 milhões de euros junto da Caixa de Crédito Agrícola da Serra da Estrela para antecipar o pagamento dos empréstimos do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), de cerca de 11,2 milhões de euros, e do saneamento financeiro, de pouco mais de 8 milhões de euros. «É um empréstimo de gestão que vai gerar uma poupança de 239 mil euros em 2016 e de mais de 1,6 milhões de euros em 15 anos», afirmou o presidente da Câmara.

Álvaro Amaro confessou-se surpreendido com a abstenção dos socialistas: «Pelos vistos, para eles é igual poupar 1,6 milhões ou nada. A Guarda viveu demasiados anos de abstenção e, pelo que vimos hoje, o PS continua a abster-se da sua gestão», criticou o edil. Na resposta, Joaquim Carreira justificou o sentido de voto por considerar que este empréstimo é «um ato de gestão e deve ser da única e exclusiva responsabilidade da maioria que governa a Câmara», mas acrescentou que «a dívida aumenta». A contração deste empréstimo ainda carece do visto do Tribunal de Contas.

Álvaro Amaro avisa que cidade não pode perder “comboio” da modernização da Linha da Beira Alta

A Câmara da Guarda vai vender em hasta pública os dez apartamentos (oito T3 e dois T2) do bloco habitacional construído pela sociedade Polis junto à estrada do rio Diz. O valor base de licitação dos apartamentos varia entre 58 mil e 75 mil euros. A venda está agendada para 12 de abril, a partir das 10 horas, nos Paços do Concelho.

Na reunião da passada segunda-feira o executivo aprovou o Regulamento de Projetos de Investimento de Interesse Municipal e assinou um acordo de cooperação com a Junta de Freguesia do Alvendre, presidida por Gabriel Luís, para a requalificação da Avenida do Adro e arranjo da calçada. A obra vai ser apoiada pela autarquia com 21.578 euros. No final da sessão, Álvaro Amaro adiantou aos jornalistas alguns dados do relatório onde constam os projetos que obtiveram financiamento do QREN em 2015, documento que foi remetido à Assembleia Municipal de amanhã. De acordo com o autarca, a instalação do relvado sintético no Campo do Zambito custou 345 mil euros, mas a obra foi comparticipada com 280 mil euros, «correspondentes a 85 por cento do investimento».

«Arriscámos e conseguimos apoio», disse o edil, revelando também que o evento “Guarda, Cidade Natal” e a passagem de Ano custaram 405 mil euros, tendo a autarquia recebido 211.500 euros de apoios do FEDER. «Isto que dizer que a Câmara gastou no evento 193.622 euros», concluiu o edil, sustentando que «nada nos inibirá ou desviará da nossa estratégia de capitalizar a Guarda». Nesse sentido, Álvaro Amaro aproveitou a ocasião para alertar que é preciso «estarmos todos atentos» ao desenvolvimento dos projetos de modernização da linha ferroviária da Beira Alta. «Estamos num momento histórico para o desenvolvimento da Guarda no que à ferrovia diz respeito. A cidade tem que ser a grande plataforma ferroviária de transporte de mercadorias e também de pessoas nesta região, pois está no cruzamento do corredor norte e da linha da Beira Baixa», declarou, prometendo bater-se para que a cidade mais alta «não perca este “comboio”, o que significará uma tragédia para a Guarda».

Luis Martins Álvaro Amaro anunciou que há um interessado, «mas podem aparecer mais»

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