Mais de 50 por cento da população do continente está sob influência de 17 centros urbanos, predominantemente do litoral, enquanto mais de metade do território organiza-se, para aquisição de «funções muito especializadas», em torno «de apenas» nove centros urbanos maioritariamente do interior, segundo um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgado na semana passada, intitulado “Sistema Urbano: Áreas de Influência e Marginalidade Funcional”.
Segundo o modelo de análise adoptado para mostrar os sistemas e subsistemas relacionais, os 17 centros urbanos (Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Vila Nova de Gaia, Sintra, Viseu, Funchal, Amadora, Aveiro, Setúbal, Guimarães, Leiria, Almada, Santarém, Santa Maria da Feira, Cascais), situados no litoral, e os nove do interior (Beja, Évora, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Portalegre, Bragança, Viseu e Setúbal) explicam a dependência das populações em relação às capitais de distrito, e em contraposição, como «um número reduzido de centros urbanos do interior estrutura mais de metade do território do continente no acesso a bens e serviços», refere um síntese de apresentação do estudo. Com base em quatro níveis de funções em relação às quais se definem as áreas de influência territorial dos centros urbanos, o INE destaca as «funções muito especializadas» (por exemplo, hospital geral ou hipermercado), e as especializadas (tribunal ou agência de viagens), em contraposição às pouco especializadas (escola de condução ou agência bancária) e não especializadas (por exemplo, serviço de fotocópias ou gás).
Nesse sentido, o INE conclui que «é a geografia das áreas de influência de funções muito especializadas» aquela que melhor traduz a organização do território a nível nacional e regional, «porque sintetiza as lógicas de dependência dominantes de âmbito supramunicipal». No documento, o Instituto Nacional de Estatística confirma ainda que os sistemas metropolitanos de Lisboa e Porto, «mais complexos (…) extravasam os limites administrativos das respectivas áreas metropolitanas (englobando, por exemplo, Braga, no caso do Porto, e Torres Vedras, no caso de Lisboa)». Estes e outros resultados são apresentados em detalhe no site do INE e constituem «um contributo para o debate sobre a dimensão territorial da “Coesão” nas instâncias da União Europeia que tem vindo a tornar-se fulcral no estabelecimento de metas para as dimensões económica e social que aquele conceito comporta».