A maioria laranja na Câmara da Covilhã deverá ser “bombardeada” pelos partidos da oposição na próxima Assembleia Municipal, agendada para o próximo dia 30 de Abril, quando se discutir o Relatório de Actividades e Contas de Gerência da Câmara e dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento. Pelo menos assim prometeu o vereador socialista, Miguel Nascimento, depois de ter chumbado os documentos apresentados pela maioria como «forma de protesto» por ter recebido os elementos na véspera da reunião camarária. Uma prática recorrente desde que assumiu a vereação e que desta vez motivou os protestos do socialista, dada a impossibilidade de se adiar a discussão desses pontos para uma reunião de Câmara extraordinária «por causa da preparação da visita do primeiro-ministro», agendada para amanhã.
Miguel Nascimento espera que haja na AM o «debate que não existiu na reunião de Câmara porque os documentos não chegaram a tempo às mãos dos vereadores», criticou, acrescentando «ser humanamente impossível analisar com seriedade toda a documentação de um dia para o outro, ainda para mais quando não sou vereador a tempo inteiro». «É a primeira vez que estes documentos vêm à sessão de Câmara este ano e têm que ser votados no próprio dia porque não há tempo», ironiza o socialista, que teve a possibilidade de abandonar a sessão e «bloquear» a discussão daqueles dois pontos no final da reunião. Mas não o fez. É que se Nascimento abandonasse, a reunião seria suspensa por falta de quorum: apenas quatro dos sete elementos do executivo estavam presentes. «Entendi não o fazer para com respeito para os cidadãos e por aqueles que acreditam no projecto do PS», justificou.
Sem contestação, os restantes vereadores do PSD aprovaram os relatórios de actividades e contas de gerência da autarquia e dos SMAS. Para Alçada Rosa, as duas entidades têm feito um esforço para «reduzir as despesas ao máximo», desde o pessoal às folhas de papel, salienta o vice-presidente da Câmara. «Houve a preocupação em rentabilizar os meios ao nosso dispor, de maneira a que o investimento neste tempo de contenção não fosse prejudicado». E nem mesmo as constantes acusações por parte da oposição preocupam Alçada Rosa. «Gostava que a oposição nos dissesse quais as obras que não deveríamos fazer para termos menos dívidas», sugere, adiantando que «não há investimentos supérfluos, mas apenas investimentos para o futuro, para que a Covilhã não perca população», acrescenta. Pelo que, na sua opinião, um debate centrado na dívida é «nalguns casos estéril, sem consequências e pouco sério». E falando concretamente no caso dos SMAS, de que é administrador-delegado, Alçada Rosa justifica: «Têm uma situação de endividamento que seria resolvida a cem por cento num ano e meio se os SMAS canalizassem para o pagamento da dívidas as receitas disponíveis para além dos gastos fixos. É uma situação aceitável para esta política de investimento que tem estado a ser levada a cabo na Covilhã», ressalva.
Liliana Correia